Gaza

Mais de três mil pessoas em protesto pró-palestiniano em Lisboa

Mais de 3.000 pessoas concentraram-se hoje  no Saldanha, em Lisboa, e marcharam até à embaixada de Israel para protestar  contra a ofensiva israelita sobre Gaza, que já fez mais de mil mortos, na  maioria civis. 

ANTONIO COTRIM

Em árabe, português e inglês, faixas e cartazes abundavam, uns exigindo  o "Fim do massacre em Gaza" ou o "Fim do genocídio na Palestina", outros  responsabilizando o Ocidente pela impunidade com que o Governo de Israel  prossegue a ofensiva, que alguns manifestantes classificaram como "o holocausto  do século XXI". 

"US, UN: Shame on you! (Estados Unidos, Nações Unidas: deviam ter  vergonha)", lia-se num cartaz, enquanto se ouviam apelos à libertação da  Palestina e ao boicote a Israel, à Coca-Cola, ao McDonald's e a outras marcas  simbólicas de produtos norte-americanos. 

À chegada ao edifício da embaixada israelita, na rua António Enes,  onde os esperava um gradeamento e um dispositivo policial, os manifestantes,  muitos usando lenços de xadrez árabes (keffiyeh) e empunhando bandeiras  palestinianas, gritaram repetidamente "Assassinos! Assassinos!" e "Assassinos  de crianças!". 

O protesto foi pacífico: apenas dois manifestantes tentaram saltar  o gradeamento, mas recuaram a pedido dos agentes da PSP, e outros três incendiaram  uma bandeira de Israel, que atiraram em chamas para o outro lado da vedação.

De resto, houve momentos em que se sentaram no chão -- nos passeios  e na estrada da rua vedada ao trânsito -- para vincarem isso mesmo, que  vinham em paz, acompanhando com palmas e percussão as palavras de ordem,  repetidas com indignação por todos, independentemente da nacionalidade,  idade ou credo religioso. 

Alguns descalçaram um dos sapatos e ergueram o braço, exibindo-o,  como símbolo de vergonha, de desprezo, porque os sapatos, e principalmente  as solas dos mesmos, são considerados impuros pela religião muçulmana. 

Yussef, cidadão marroquino de 40 anos que vive em Portugal há 20,  discursou ao megafone, por trás de um cartaz onde se lia "Stop Holocausto  de Gaza! Viva Hamas!", frisando que "Um Estado que mata mulheres e crianças  é um Estado terrorista", que "comete crimes de guerra e deveria ser julgado  pelo Tribunal Penal Internacional".  

Ao seu lado, um grupo de nacionais do Bangladesh segurava um cachecol  com o nome do país e um cartaz defendendo a "Suspensão das relações comerciais  e diplomáticas de Portugal com o regime israelita"; do outro, expressava-se  o "Apoio incondicional à resistência contra a ocupação sionista". 

Pierre, cidadão francês de 50 anos residente em Portugal, empunhava  uma enorme bandeira palestiniana e distribuía autocolantes em que se lia  "Sionistas fora da Palestina". 

À Lusa, explicou que veio protestar porque, na Palestina, "a população  está concentrada como em mais nenhum lugar do mundo e caem bombas em cima  dela o dia todo". "Temos de protestar! Não há ser humano que possa aguentar isso",  exclamou, acrescentando que em Paris algumas manifestações deste género  são proibidas, "até porque o Governo francês é particularmente cúmplice  do Governo israelita", e que "os países do Ocidente, os países mais ricos  do mundo, como  

A necessidade de gritar até ser ouvida foi a razão que levou Teresa  Delgado, de 54 anos, de lenço na cabeça e cartaz na mão, a participar no  protesto. "Quando Israel começar a perceber que está a ocupar um território  que não lhe pertence, com muitos apoios, como é óbvio, incluindo o do Governo  português, isto acaba, porque os palestinianos têm direito a um espaço reconhecido  por toda a gente, principalmente pela ONU, e direito à livre circulação  também", sustentou. 

Esta manifestação realizou-se em resposta a um apelo internacional  que convocou para hoje e sábado, em todo o mundo, protestos "de apoio à  luta do povo palestiniano contra a invasão da Palestina, com o objetivo  de travar a ofensiva israelita em Gaza", sob o lema "Grito Global pela Palestina...  A Palestina não tem voz, usa a tua". 

     

Lusa

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