Fórmula 1

Da polémica dos pneus ao pódio inédito: Tiago Monteiro fez história na Fórmula 1 há exatamente 20 anos

Tiago Monteiro tornou-se o primeiro — e único até hoje — piloto português a subir ao pódio de um Grande Prémio de Fórmula 1. O feito aconteceu a 19 de junho de 2005, em Indianápolis, numa corrida marcada pela polémica dos pneus Michelin, que levou à desistência de sete equipas. O portuense terminou em terceiro lugar, atrás de Michael Schumacher e Rubens Barrichello, numa prova insólita que contou com apenas seis carros em pista.

Tiago Monteiro, da Jordan (à direita), no pódio do Grande Prémio dos Estados Unidos de 2005, em Indianápolis, ao lado de Michael Schumacher (à direita), vencedor da corrida. O piloto português conquistou o 3.º lugar, tornando-se o primeiro português a subir ao pódio numa prova de Fórmula 1.
Vladimir Rys

Mariana Jerónimo

Ainda se lembra do que aconteceu a 19 de junho de 2005? Nesse mesmo dia, Tiago Monteiro fez história ao tornar-se o primeiro — e único, até à data — piloto português a subir a um pódio de um Grande Prémio de Fórmula 1. O portuense conquistou o terceiro lugar naquela que ficou conhecida como “a corrida mais estranha de sempre”, em Indianápolis, nos Estados Unidos.

O português, que na altura pilotava o monolugar EJ15 da Jordan, partilhou o pódio com dois grandes nomes da Fórmula 1. Numa verdadeira ‘dobradinha’ de sonho para a Ferrari, Michael Schumacher foi o grande vencedor, seguido do companheiro de equipa Rubens Barrichello, que terminou em segundo lugar.

O Grande Prémio de Indianápolis desse ano ficou marcado como um dos mais polémicos e controversos da história da Fórmula 1. Mas, afinal, o que aconteceu a 19 de junho de 2005?

Um pesadelo chamado pneus da Michelin

Tudo começou durante as sessões de treinos livres que antecederam a qualificação e a corrida de domingo. No segundo treino livre, Ralf Schumacher — irmão de Michael Schumacher e, na altura, piloto da Toyota Racing — sofreu um acidente na curva 13 provocado por uma falha no pneu traseiro esquerdo do seu TF105.

A gravidade do acidente — que se revelou ser apenas a ponta do iceberg de um problema ainda maior — levou o alemão a ser substituído pelo piloto de reserva da equipa durante o restante fim de semana.

Nessa altura, a fabricante francesa Michelin comunicou que os pneus não garantiam segurança para mais de 10 voltas naquele setor da pista. A empresa chegou a sugerir a instalação de uma chicane naquela zona do traçado, mas a Federação Internacional do Automóvel (FIA) rejeitou a proposta.

A falta de consenso entre a fabricante de pneus e a FIA levou sete das dez equipas do grid a tomar uma decisão drástica. A Renault, BAR Honda, Williams, McLaren, Sauber, Red Bull e Toyota — todas a usar pneus Michelin — decidiram retirar-se para as boxes logo após a volta de formação da grelha de partida.

Uma corrida com apenas seis carros na pista

No domingo, a ameaça concretizou-se. Após a volta de formação, apenas seis monolugares permaneceram na pista — os dois Ferrari, os dois Jordan e os dois Minardi — os únicos equipados com pneus Bridgestone.

Naquele domingo, Tiago Monteiro teve a oportunidade da sua vida e agarrou-a com toda a determinação. Consciente de que não tinha o mesmo ritmo de corrida que os dois monolugares da Ferrari, o português conseguiu ser mais rápido do que os outros três pilotos em pista: o seu colega de equipa Narain Karthikeyan, e Christijan Albers e Patrick Friesacher, da Minardi.

No dia anterior, Tiago Monteiro não tinha ido além do 17.º lugar na qualificação, o que o colocou numa das últimas posições da grelha de partida, tornando muito difícil a conquista de um lugar no pódio.

"Quando cruzei a meta, foi uma felicidade enorme"

Se para vários pilotos e equipas aquele dia foi um verdadeiro pesadelo, para o portuense tornou-se o ponto alto da sua carreira e fez dele o piloto português mais bem-sucedido de sempre na Fórmula 1.

Em 2015, em declarações à Agência Lusa, recordou todos os sentimentos vividos naquele dia: "Comecei a pensar que, afinal, o pódio era possível e a pressão aumentou. Até aí só pensava em pontuar. Quando cruzei a meta, foi uma felicidade enorme."

E foi há precisamente 20 anos que Tiago Monteiro fez ecoar "A Portuguesa" bem alto no pódio do Grande Prémio dos Estados Unidos, ao conquistar um inesquecível 3.º lugar.

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