O programa de Governo de Luís Montenegro tem uma moção de rejeição que deve ser reprovada na quarta-feira na Assembleia da República. Chega e Partido Socialista estão disponíveis para deixarem o Governo entrar em plenas funções e do lado do partido de André Ventura até há elogios. Em entrevista ao Facto Político, o deputado Bruno Nunes encontra “pontos de contacto” entre o documento e as propostas que tem defendido no Parlamento: “há muitas medidas do Chega espelhadas”.
Apesar de tudo lamenta que o Governo não tivesse aberto um caminho de diálogo relativamente a este processo e critica a “falta de visão para se projetar o país a 10 ou 15 anos”. Bruno Nunes pede que se explique “onde queremos estar na Europa, como é que nos identificamos como Estado, qual a nossa ligação ao mar” e que se esclareça “a ligação aos EUA e à América Latina”. “Falta ambição”, lamenta.
Como uma posição mais ou menos clara face ao programa de Governo, sobram mais dúvidas no que diz respeito ao Orçamento do Estado sobre o qual só admite pronunciar-se depois de o conhecer. Lembrando que o Governo “entrou bem quando disse que queria aplicar um choque fiscal”, admite que ficou desiludido quando percebeu que afinal “não era viável”.
E há condições para que a legislatura que está a começar dure quatro anos?
“Assim o PM crie condições de diálogo com o líder da oposição e entenda que existem matérias que para nós são estruturais”.
10 de junho foi “ataque à portugalidade”
Sem garantias de estabilidade, Montenegro sabe já que há uma linha vermelha que pode contar com o empenho do Chega para deitar o Governo a baixo: um “ataque à portugalidade”.
A ameaça foi deixada depois dos discursos de Lídia Jorge e Marcelo Rebelo de Sousa em Lagos sobre os quais Bruno Nunes pede que se acabe com um “chicotear por aquilo que aconteceu há 600 anos”.
Presidenciais: “Quem tem Ronaldo no topo da carreira não mete outro no seu lugar”
André Ventura tem afastado a possibilidade de se candidatar à Presidência da República, mas como ainda não o disse de forma taxativa, vai alimentando expectativas entre os seus seguidores. Bruno Nunes, tal como Cristina Rodrigues, defende que “o Chega deve ter um candidato do seu espectro político” para que sejam defendidas as causas “anti-imigração desregulada e anti-corrupção”.
Para o deputado do Chega, Gouveia e Melo não é esse candidato, já que decidiu ir buscar nomes como Rui Rio e Isaltino Morais e no dia em que assistiu a insultos racistas “foi à procura de protagonismo. André Ventura é o candidato que lhe enche as medidas: “Quem tem Ronaldo no topo da carreira, não mete outro no seu lugar. Nós temos André Ventura e devia ser ele o candidato”