A noite deste domingo, véspera do derradeiro debate, ficou marcada pelo fim do ciclo de debates televisivos iniciado a 5 de fevereiro. Coube à coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) e à porta-voz do PAN as honras de, na antena da CNN Portugal, darem por encerrada a discussão nas televisões entre os oito partidos com assento parlamentar.
Mariana Mortágua (BE) levou a Madeira para o frente a frente para acusar o PAN de ser um partido político pouco confiável por ter apoiado “o pior Governo que o PSD tem para apresentar que é o Governo da Madeira, (…) um governo exemplo de destruição ambiental", vincou.
“[O Governo madeirense é pela] especulação, construção, destruição ambiental e por projetos imobiliários que não fazem qualquer sentido como o Dubai Madeira [empreendimento habitacional de luxo que vai nascer na zona oeste do Funchal]”, acusou Mortágua, que criticou ainda o PAN por ter viabilizado, ao lado do Chega e do PPM, o Orçamento dos Açores.
“Não há qualquer coerência, nem uma possibilidade de confiança por parte das pessoas no PAN que tanto apoia um Governo, como apoia outro, e governos da pior direita que temos”, reforçou a bloquista.
Na resposta, Inês Sousa Real sustentou que o apoio do PAN ao Governo de Miguel Albuquerque resultou do que diz ser “um desígnio de todas as forças políticas democráticas: travar a extrema-direita”.
"Este foi o exercício que o PAN demonstrou que a população não tem de estar refém nem de maiorias absolutas, nem do medo do voto em função do que possa ser o crescimento da extrema-direita", sublinhou.
Mais, prosseguiu, o PAN foi o partido da oposição que mais tem feito aprovar medidas, ao contrário do BE que foi quem abriu a porta à atual instabilidade política quando, em 2021, não permitiu que o Orçamento de Estado fosse discutido na Assembleia da República, lembrou Inês Sousa Real.
Impostos com foco no IRC
Também em matéria fiscal, há diferenças que separam o BE do PAN, com Mariana Mortágua a defender que não vale dizer que a descida do IRC de 21% para 17% serve as pequenas empresas.
"O que não percebo é que como é que se introduzem essas taxas [sobre o carbono] e por outra porta se dá um benefício à Galp de 260 milhões de euros em quatro anos com abaixa do IRC", destacou.
Sem perceber as dúvidas do BE, Inês Sousa Real explicou que o PAN não está a beneficiar as grandes empresas e menos ainda quem mais lucra e quem mais polui. E, no contra-ataque, o PAN alertou que a proposta do BE sobre a limitação da taxa de juros e dos preços dificilmente acompanham as regras da União Europeia.
A fechar, Mariana aproveitou para reiterar que "a solução para o país está na esquerda", enquanto Inês ressalvou que o futuro está numa força política alternativa que “defenda os animais, cuide das pessoas e valorize a natureza”.
Com LUSA