Ao longo da semana falei-lhe algumas vezes da derradeira reunião de dia 14 de setembro do BCE. O dia chegou e o Banco Central Europeu já tomou uma decisão sobre as taxas de juro.
Pela primeira vez em vários meses havia expectativas de haver uma pausa, mas a decisão foi de mais uma subida. E foi, novamente, de 25 pontos-base.
É a décima subida, sem pausas, desde julho de 2022. Altura em que os juros estavam nos 0% e agora, com esta nova subida, a principal taxa diretora alcançou os 4,5 pontos percentuais.
Ao anunciar a tão aguardada decisão, que mexe automaticamente com a vida dos europeus, a presidente do BCE, Christine Lagarde, explicou que além deste aumento das taxas de juro o banco baixou a previsão de crescimento da economia para 0,7% este ano.
Em Frankfurt, no 41º piso do edifício da sede do BCE, Lagarde liderou a reunião.
Mas nem todos votaram. Os seis elementos da Comissão Executiva votam sempre, mas os votos dos governadores dos bancos centrais rodam. No total são 20 e há sempre cinco excluídos.
Nesta reunião, Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, teve direito ao seu voto.
No centro do debate esteve a inflação na zona euro, que se manteve nos 5,3% em agosto, o mesmo resultado que em julho. O Banco Central Europeu quer alcançar a meta dos 2% de inflação e é exatamente este tema que divide a mesa entre falcões e pombas.
A expressão ‘falcões’ remete para aqueles que defendem uma política monetária mais agressiva até a inflação atingir a sua meta.
Por outro lado, as ‘pombas’ são mais adeptas a olhar para as consequências dessa mesma política mais agressiva, preferindo maior cautela nas decisões de política monetária.
Mas nas discussões também temos uma ‘coruja’ como se autonomeou Cristine Lagarde, logo na sua chegada ao BCE, já que não se queria posicionar em nenhum dos lados.
De todas as formas, a imprensa especializada tem-na associado aos falcões, dada a escalada dos juros, opção pela qual tem dado a cara.
Agora os holofotes giram em direção às decisões da Reserva Federal norte-americana e do Banco de Inglaterra.
Entretanto, a próxima reunião do BCE será a 26 de outubro em Atenas, altura em que já se saberão os dados da estimativa da inflação de setembro na zona euro.