Só este ano o anúncio que acabámos de ouvir já foi passado inúmeras vezes pelas estações de comboios de todo o país. Desde o início do ano, a CP já conta com mais de 100 dias de greve.
À medida que o ano está a decorrer, há cada vez mais dias de greve. No início do ano eram greves concentradas em menos dias, mas com maior impacto diário. Agora, por se tratar de greves parciais, ocupam mais dias do mês.
Este cenário fez com que os passageiros ferroviários reclamassem o dinheiro gasto no passe geral e os atrasos a que ficam sujeitos.
Aliás, reclamam também da falta de condições, comprovada em inícios de março, quando ficou viral, nas redes sociais, um vídeo onde um comboio da CP esteve mais de uma hora parado entre duas estações da linha de Sintra, com as carruagens tão sobrecarregadas que algumas pessoas acabaram por se sentir mal.
O sindicato dos revisores já marcou novas paralisações até dia 6 de agosto, o que significa não só que não haverá comboios especiais de reforço para a Jornada Mundial da Juventude como também que o serviço regular da empresa vai ser prejudicado, passando a haver menos comboios.
Numa semana em que Portugal irá receber milhares de peregrinos e turistas, estas greves tornam-se ainda mais preocupantes.
Tendo em conta que no início de junho houve uma greve idêntica em Lisboa, poderão vir a ser suprimidos 800 comboios, nessa semana, na área metropolitana.
Segundo a Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) nos primeiros cinco meses deste ano o número de pré-avisos de greve comunicado ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) chegou aos 754.
Este número representa, não só, um aumento de 67% face ao mesmo período do ano passado, mas também 70% do total comunicado ao longo de todo o ano de 2022.
A contestação social no país tem vindo a subir de tom e a CP é uma das provas.
Esta quinta-feira o Governo e o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante vão reunir sobre as greves marcadas até agosto. O ministro das infraestruturas, João Galamba, mostrou-se “otimista” e com esperança que a paz social regresse à CP ainda antes da Jornada Mundial da Juventude.