Economia dia a dia

O resumo das novidades dos Certificados de Aforro

Esta segunda-feira, na rubrica Economia dia a dia, falamos das novas ‘regras’ dos Certificados de Aforro, agora com uma remuneração mais baixa

Teresa Amaro Ribeiro

Há poucos episódios atrás falávamos aqui no podcast, da possibilidade das “regras” dos certificados de aforro mudarem.

Podia parecer longínquo, mas a verdade é que passou uma semana e neste episódio vamos explicar todas as alterações que já entraram em vigor, esta segunda-feira.

O Ministério das Finanças não anunciou a decisão aos sete ventos, mas comunicou a suspensão da comercialização dos Certificados de Aforro atuais, que pertenciam à Série E e estavam no seu máximo de taxa bruta inicial, ou seja, 3,5%.

Agora, a partir desta segunda-feira, entra em ação uma nova série, a série F, onde os aforradores são remunerados num máximo de 2,5% aquando da subscrição e os prémios de permanência também são mais baixos.

Esta diminuição de 1% da remuneração deverá representar, na prática, um corte de um terço a metade nos retornos destes produtos, segundo analistas ouvidos pelo Expresso.

Aliás, no último episódio sobre os certificados de aforro, citávamos António Ribeiro, da DECO PRO TESTE, que esperava que o Ministério das Finanças não reduzisse a remuneração, porque seria mau sinal para a poupança dos contribuintes, que está em níveis muito baixos, e para a concorrência, já que os aforradores têm poucas alternativas.

Agora diz que “não há grandes incentivos à poupança das famílias”, numa altura em que “a taxa de poupança ronda os 6,1% e está talvez ao seu nível mais baixo deste século”.

Mas a redução acabou mesmo por acontecer, e quem não aproveitou para subscrever estes certificados, se o fizer agora, o retorno vai ser bem menor. Ainda assim, continua a ser superior ao dos depósitos a prazo, ainda que os valores estejam a recuperar, já que em abril, a “taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou de 0,90% para 1,03%, ultrapassando 1% pela primeira vez desde março de 2015”.

As causas são:

O Estado já tem uma percentagem de dívida pública em certificados de aforro superior ao projetado - o triplo do que vem sendo habitual. Esta concentração aumenta os riscos de diversificação de investidores e aumenta os custos da dívida pública.

De janeiro a março as famílias portuguesas aplicaram €9 mil milhões em certificados de aforro, um novo recorde. Ao mesmo tempo, os depósitos nos bancos tendem a abrandar. Na prática, foram “roubados” €7,6 mil milhões de euros aos depósitos, mas os bancos não se têm mostrado preocupados, uma vez que têm muito dinheiro depositado junto do Banco Central Europeu.

Há ainda outra alteração a salientar. Os bancos também podem começar a vender certificados de aforro desta nova série. Até agora, só se podia comprar Certificados de Aforro nos CTT, no site Aforro Net ou em Espaços Cidadão.

A portaria publicada esta sexta-feira diz que os certificados podem ser comprados também nas redes físicas ou digitais de qualquer instituição financeira ou de pagamentos inscrita no Banco de Portugal e indicadas para o efeito pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública.

A Associação Portuguesa de Bancos mostrou-se surpreendida pela possibilidade, já que não lhes foi dado um aviso prévio.

O secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, garantiu, em conferência de imprensa, que houve “zero pressão” da banca para alterações aos Certificados de Aforro. Para o governante a mudança justifica-se com a exigência de uma “correta gestão planeada da dívida pública” perante uma “extraordinária procura” deste produto financeiro por parte dos portugueses.

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