Coronavírus

Vacina da gripe: dose reforçada nos lares de idosos para maior proteção

A vacinação sazonal contra a gripe e a covid-19 arranca a 29 de setembro. A DGS admite que a abertura da administração a faixas etárias inferiores aos 60 anos pode ser considerada.

MIGUEL PEREIRA DA SILVA / LUSA

Lusa

A vacina da gripe que será administrada nos lares terá uma dose mais elevada para uma proteção acrescida e a da covid-19 está adaptada às novas variantes em circulação, revelou o diretor-geral de Saúde em exercício.

André Peralta Santos, que esta quarta-feira está a ser ouvido na Comissão Parlamentar de Saúde, a pedido do PS, sobre o ponto de situação do processo de vacinação sazonal 2023/2024, sublinhou a estratégia de proximidade adotada para facilitar o acesso à vacinação, com a participação das farmácias comunitárias.

Considerou igualmente que a coadministração das vacinas contra a covid-19 e a gripe nas farmácias este ano permite "transferir alguma carga da vacinação dos cuidados de saúde primários para as farmácias".

Segundo a norma da Direção-Geral da Saúde, a campanha de vacinação contra a covid-19 e a gripe, que arranca no dia 29 de setembro, abrange maiores de 60 anos (que pela primeira vez serão este ano vacinados nas farmácias), residentes em lares, profissionais de saúde, trabalhadores dos lares e doentes crónicos.

A vacinação decorrerá em simultâneo nas farmácias comunitárias, para as pessoas com 60 ou mais anos, e nos estabelecimentos de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS), para as pessoas com menos de 60 anos e com doenças de risco.

André Peralta Santos sublinhou que a campanha para reforçar a comunicação à população será lançada nas próximas semanas para promover a vacinação e informar os cidadãos elegíveis para vacinação sobre como fazer o processo de vacinação em farmácias.

"Não é novidade as farmácias apoiarem vacinação sazonal, já o faziam para a gripe, e com boa articulação e boa experiencia", disse Peralta Santos, sublinhando que a experiência das farmácias na vacinação contra a gripe permite ter já a trabalhar nestes locais profissionais treinados para a vacinação.

Sublinhou ainda que esta experiência permitiu igualmente ter sistemas de informação preparados para a comunicação das vacinas administradas em farmácias e para que possam "migrar para o sistema central de informação sobre as vacinas" para se poder "acompanhar o processo em tempo real".

"Será necessário treinar mais profissionais e estão já a ser formados novos profissionais em farmácia, com segurança e com a colaboração Ordem dos Farmacêuticos", para se poder assegurar a vacinação.

Alargamento da vacinação a outras faixas etárias pode ser considerado

A Direção-Geral da Saúde admite que a abertura da vacinação sazonal a faixas etárias inferiores aos 60 anos pode ser considerada, desde que não prejudique a dos grupos de maior risco.

Segundo disse esta quarta-feira aos deputados da Comissão Parlamentar de Saúde o coordenador da Comissão Técnica de Vacinação, Luís Graça, tal como aconteceu anteriormente, "seria desadequado não priorizar os grupos de maior risco, os mais idosos, os residentes nos lares e os profissionais de saúde".

"Eventualmente, o alargamento a outras faixas etárias poderá ser considerado, (...) desde que não impacte nesta vacinação dos grupos prioritários", afirmou.

Luís Graça sublinhou a mensagem de confiança na vacinação, destacando o entendimento na importância da vacinação e o respeito dos diversos partidos políticos pelas decisões técnicas.

"Isto faz com que o país tenha uma cobertura vacinal muito superior a outros países em que houve um conflito entre a parte técnica e outros aspetos fora da técnica", acrescentou.

O diretor-geral da saúde em exercício, André Peralta Santos, lembrou a liberdade de escolha dos cidadãos, insistindo que, apesar de a vacinação para os maiores de 60 estar definida para acontecer nas farmácias, qualquer cidadão que queira ser vacinado nos centros de saúde pode fazê-lo.

Questionado pelos deputados, disse que há "uma forte adesão das farmácias" ao processo de vacinação sazonal e confessou que há "alguma incerteza em relação ao numero concreto de pessoas que se irá vacinar em farmácias".

"O objetivo é sempre manter um 'stock' adequado, quer nas farmácias, quer nos centros de saúde, para não desperdiçar uma única oportunidade de vacinação e nem ter roturas de 'stock'", explicou.

Questionado sobre a retirada, pelo Governo, de competências à DGS, André Peralta Santos insistiu que a direção-geral de Saúde é um pilar do sistema de saúde em Portugal.

"É uma instituição com mais de 120 anos de história e que tem dado um contributo notável para a proteção e promoção da saúde dos portugueses e das portuguesas", afirmou André Peralta, acrescentando: "Nas minhas funções atuais gostaria que continuasse dessa forma".

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