A variante Ómicron do coronavírus que causa a covid-19, detetada em 106 países, incluindo Portugal, é mais transmissível, mas, apesar de escapar em parte às vacinas, estas continuam eficazes a prevenir a doença grave e a morte.
Os casos globais da nova estirpe, que foi comunicada em finais de novembro pela África do Sul, quadruplicaram, de acordo com o boletim epidemiológico semanal da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado esta quarta-feira.
Na semana passada, a OMS alertou para a propagação muito rápida, a um ritmo sem precedentes, da Ómicron, realçando o risco do aumento dos contágios fazer colapsar novamente os serviços de saúde menos preparados.
No entanto, a Ómicron pode ser entre 70 a 80 por certo menos grave do que a variante anterior, a Delta, sugerem os números da África do Sul. Contudo, o responsável pelo Centro Africano para Controle de Doenças diz que estes dados não podem extrapolados a todos os países.
Os especialistas dizem que o pico pode até já ter passado na África do Sul.
Vacinas continuam eficazes contra doença grave, hospitalizações e morte
Segundo a OMS, ainda não há dados que permitam concluir que a nova estirpe, que se tornará predominante na Europa em janeiro, de acordo com as previsões, é menos ou mais grave do que a variante Delta, que tem dominado no mundo durante parte de 2021.
Contudo, segundo uma investigação do Imperial College London, os doentes infetados com a variante Ómicron têm menos probabilidade de serem internados do que os que contraíram a variante Delta. As conclusões desta pesquisa indicam que a probabilidade é de menos 40 a 45 por cento.
O estudo refere também que, quem já esteve infetado com covid-19 tem entre 50% e 60% menor risco de ser hospitalizado, caso contraia novamente a doença com a variante Ómicron.
A investigação volta a reforçar que o risco de hospitalização continua a ser significativamente maior em pessoas não vacinadas.
Dados preliminares mencionados pela OMS apontam também para que a Ómicron cause maioritariamente sintomas ligeiros a moderados e aumente o risco de infeção entre pessoas vacinadas ou que tiveram covid-19.
Apesar de ser necessário um maior número de anticorpos para neutralizar a nova variante, a OMS e o regulador europeu do medicamento consideram que até à data as vacinas aprovadas para a covid-19 continuam eficazes contra a doença grave, hospitalizações e morte.
Cientistas lembram que quando os níveis de anticorpos induzidos pelas vacinas diminuem, isso não significa que se deixe de estar protegido, pois no intricado "puzzle" da imunidade há que contar com outra "peça", a da memória imunológica conferida pelas células.
As farmacêuticas, apesar de garantirem a eficácia das suas vacinas, assumem a necessidade da administração de uma terceira dose de reforço, para restabelecer os níveis de anticorpos desejáveis no organismo, e estão a preparar uma fórmula específica para a Ómicron.
Classificada pela OMS como variante de preocupação
Vários países, nomeadamente Portugal, incluíram nas suas campanhas de vacinação uma terceira dose de reforço. Israel prepara-se para avançar com a quarta, apesar de a OMS advogar que não há provas da eficácia das doses de reforço contra a nova variante, preferindo focar a prioridade na vacinação dos não vacinados, em particular nos países mais pobres.
A nova variante foi classificada pela OMS como uma variante de preocupação, que, por definição, está associada ao aumento da transmissibilidade ou virulência ou à diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública, dos diagnósticos, vacinas e tratamentos.
A Ómicron, que, como todas as variantes de preocupação ou de interesse, tem o nome de uma letra do alfabeto grego, apresenta mais de 30 mutações genéticas na proteína da espícula, a "chave" que permite ao vírus entrar nas células humanas, sendo que algumas estão ligadas à resistência a anticorpos neutralizantes (com potencial de escapar às vacinas) e a uma melhor transmissibilidade (com potencial de serem mais contagiosas).
Os vírus como o coronavírus SARS-CoV-2 sofrem mutações à medida que se disseminam e muitas novas variantes, incluindo as que têm alterações genéticas preocupantes, desaparecem muitas vezes.
A covid-19 é uma doença respiratória pandémica causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, cidade do centro da China.
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