Coronavírus

Com 70% da população portuguesa com a vacinação completa, Marta Temido admite alívio das restrições

Em entrevista à SIC, a ministra da Saúde afirma que o Governo poderá reunir-se em breve para decidir avanço no desconfinamento.

JOSÉ SENA GOULÃO

Carolina Botelho Pinto

A ministra da Saúde informou esta quinta-feira, em entrevista à SIC, que foi atingida a meta de 70% da população portuguesa com a vacinação completa contra a covid-19. O objetivo é atingido algumas semanas antes do previsto, já que o Governo apontava a chegada a este número para o início de setembro.

Decisão sobre avanço no desconfinamento para "breve"

Sobre o alívio das medidas, que tinha sido admitido pelo Governo quando se atingisse esta meta da vacinação, a ministra da Saúde explica que é necessário ter em conta outros indicadores, como o nível de incidência e o Rt, antes de ser tomada qualquer decisão sobre o avanço para a segunda fase do desconfinamento.

Marta Temido aponta, no entanto, que essa decisão poderá ser tomada em breve, ainda esta semana, numa reunião extraordinária do Conselho de Ministros.

“Amanhã [sexta-feira] vamos conhecer esses indicadores. Há uma reunião do Conselho de Ministros agendada para de hoje a uma semana [próxima quinta-feira], mas uma alteração de circunstâncias deste tipo pode motivar uma reunião extraordinária. (…) Os portugueses trabalharam para isso”, afirma.

Questionada sobre o fim da obrigação do uso de máscara na via pública, Marta Temido recorda que compete à Assembleia da República proceder a essa apreciação, mas sublinha que a utilização de máscara “terá de ser sempre conciliada com as circunstâncias”. Ainda assim, a ministra diz que "ao ar livre, o distanciamento é barreira suficiente".

“É preciso que todos consideremos os nossos atos enquanto vivermos em pandemia”, lembra.

Próxima meta da vacinação: 85% da população com duas doses ou dose única

A ministra da Saúde acredita ser possível atingir a próxima meta da vacinação contra a covid-19 antes do esperado e explica que, se isso o permitir, o processo de desconfinamento poderá continuar.

“Se assim for, olharemos para a realidade. As restrições foram sempre proporcionais. Se pudermos avançar com o alívio das medidas, assim o faremos”, garantiu.

Ainda assim, alerta ser necessário manter a precaução, dada a predominância da variante Delta no país.

“Estamos numa situação de estabilidade de números de novos caos de infetados. É uma situação distinta de junho, julho. Mas estamos num planalto alto. Isso justifica que mantenhamos a precaução”, sublinha.

Terceira dose: sim ou não?

Sobre a necessidade de uma terceira dose da vacina contra a covid-19, a ministra da Saúde revela que as autoridades de saúde e o Governo estão a aguardar as orientações da Agência Europeia do Medicamento.

Marta Temido diz que os resultados dos estudos deverão ser conhecidos no final de agosto e, questionada sobre os inquéritos serológicos nos lares de idosos, que têm como objetivo avaliar a resposta imunitária, afirma que estes não serão determinantes no que diz respeito à decisão sobre a terceira dose.

Falha na refrigeração de vacinas no Queimódromo do Porto

Relativamente à falha no sistema de refrigeração de vacinas no centro de vacinação do Queimódromo do Porto, a ministra da Saúde remete esclarecimentos para depois de conhecidos os resultados da análise do Infarmed, que garante estarem para breve.

Marta Temido diz, no entanto, que foram pedidos esclarecimentos ao regulador europeu e às farmacêuticas no sentido de perceber a estabilidade das vacinas quando expostas a alteração de temperaturas.

“O que poderá acontecer, mas é uma hipótese remota, é que haja necessidade de revacinação de algumas pessoas”.

“O objetivo é um Serviço Nacional de Saúde estável, forte e atraente”

A ministra da Saúde reconhece ser necessário apostar no Serviço Nacional de Saúde, criando melhores condições de trabalho que permitam atrair mais profissionais, depois de esta semana ter sido conhecido que o concurso para médicos de família ficou aquém do esperado.

Em Lisboa e Vale do Tejo mais de metade das vagas postas a concurso ficaram por preencher, aumentando o número de portugueses sem médico de família. Questionada sobre estes números, Marta Temido aponta um padrão de formação dos especialistas, “concentrado na região Norte”.

“Temos um padrão de formação dos especialistas que é concentrado na região Norte e que, portanto, leva a que as pessoas tenham tendência a ficar nessa região” afirma, reconhecendo ser necessário apostar nas condições de trabalho, “desafio que vamos continuar a tentar agarrar com ambas as mãos”.

“O objetivo é um Serviço Nacional de Saúde estável, forte e atraente”, conclui.

Veja a entrevista à ministra da Saúde na íntegra:

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