António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, considerou “inaceitável” os desvios de vacinas contra a covid-19 para pessoas que não fazem parte dos grupos de prioridade definidos pelos plano de vacinação.
“Todos os desvios à vacinação que sejam dentro daquilo que sejam os critérios de priorização do plano de vacinação serão, com certeza, inadmissíveis sejam eles de quem forem e onde forem”, disse aos jornalistas.
Quando questionado se estes casos já divulgados serão investigados e se haverá alguma responsabilidade criminal para os envolvidos, Lacerda Sales destacou que está em curso uma investigação.
“Estamos a promover, esta semana, através da Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (IGAS) que irá promover auditorias no âmbito nacional e, como sabem, também há procedimentos que terão sanções quer ao nível disciplinar quer ao nível criminal se durante a sede de inquérito tal se provar”, disse ainda o secretário de Estado da Saúde.
Mulher e filha do administrador do hospital Narciso Ferreira vacinados sem serem prioritários
Em Riba de Ave, no concelho de Vila Nova de Famalicão, o administrador do Hospital Narciso Ferreira incluiu a filha e a mulher na lista de profissionais prioritários, mas nenhuma delas trabalha naquela unidade.
Em comunicado, o clínico recusa que tenha havido qualquer fraude e explica que o facto de o nome da mulher ter surgido como médica é um lapso dos serviços administrativos.
Em relação à filha, a justificação é a de que, como médica, disponibilizou-se para reforçar a unidade covid.
O administrador do Hospital Narciso Ferreira, em Famalicão, nega "qualquer fraude" no processo de vacinação na instituição, garantindo que a mulher e a filha foram vacinadas porque se voluntariaram para ajudar no combate à pandemia de covid-19.
Em comunicado enviado à agência Lusa, Salazar Coimbra acrescenta que ele próprio foi vacinado porque é diretor clínico do hospital, situado em Riba de Ave, Vila Nova de Famalicão, e propriedade da Santa Casa da Misericórdia local.
Recusando "qualquer fraude", o responsável explica que tanto a mulher como a filha, médica, foram incluídos no plano de vacinação daquela instituição porque ambas se ofereceram para ali dar apoio "na linha da frente da prestação de cuidados a doentes" covid-19.
"Não existe, assim, qualquer fraude no processo de vacinação. Aliás, sempre se diga que outros familiares de outros trabalhadores que colaboram com a instituição foram igualmente vacinados", lê-se no comunicado.
INEM sob investigação por ter vacinado funcionários não prioritários
O INEM está sob suspeita depois de ter vacinado contra a covid-19 diretores, assessores, informáticos e outros profissionais que não são prioritários. Em comunicado, o Instituto de Emergência Médica nega ter contornado as regras e todas as acusações de favorecimento.
O INEM confirma que recebeu as vacinas que pediu, mais de 1.170 doses da Pfizer-BioNTech apenas para os profissionais prioritários, mas quando a vacinação arrancou, a 4 de janeiro, nem todos os elegíveis puderam receber a vacina ou porque não compareceram num dos quatro centros regionais do INEM no Porto, Coimbra, Lisboa e Faro, ou à data da vacinação não reuniam as condições para a imunização por contraindicações, como apresentarem sintomas de doença.
O Instituto de Emergência Médica fala num processo complexo a vários níveis que não conseguiu prever no início o número de doses efetivamente necessárias no final. Isto porque os frascos trazem excedente de 5 para 6 doses em muitas ampolas e as vacinas têm prazo de validade. Após o descongelamento têm de ser administradas até 120 horas.
Ainda assim, sobraram 12 frascos por abrir e que foram distribuídos por dois Agrupamentos de Centros de Saúde da região num processo articulado com as ARS de Lisboa e Vale do Tejo e do Centro após serem confirmadas as condições logísticas para que as vacinas fossem administradas em horas.
O INEM garante uma gestão rigorosa e transparente das vacinas que recebeu e diz que inconcebível seria desperdiçar vacinas contra a covid-19.
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