O presidente do Chega, André Ventura, afirmou que uma solução de bloco central, que junte PS e PSD, seria “uma dádiva dos céus” para o seu partido.
No caso de ser firmado um acordo entre PS e PSD, o Chega “será o líder da oposição”, a confirmar-se a possibilidade de ser a terceira força política, notou André Ventura, que falava aos jornalistas antes do último jantar-comício da campanha, no Barreiro, distrito de Setúbal.
“Eu não quero dizer isto, mas isso era uma dádiva dos céus. Foi o que aconteceu em Espanha, em que o PSOE teve que se juntar com todos os outros e o Vox [partido de extrema-direita espanhol] tem 20% nas sondagens”, afirmou.
O presidente do Chega alertou para a possibilidade de se estar “a cozinhar um Governo do bloco central”, considerando “grave” os dois partidos “não o terem dito durante a campanha eleitoral, que é quando o deveriam ter dito”.
“Portanto, acho que se PS e PSD se entenderem por não conseguirem ir de acordo às bandeiras do Chega, para nós ótimo. Ficaremos a liderar a oposição”, frisou.
Chega exige fazer parte de um Governo, se tiver acima dos 7%
Nas declarações aos jornalistas, André Ventura reafirmou que caso o seu partido tenha um resultado acima dos 7% exigirá fazer parte de um Governo, caso a maioria seja maioritária nas eleições de domingo, e que abaixo dos 7% o Chega reservar-se-á “ao papel de análise parlamentar”.
“Isto significa o que aconteceu nesta legislatura – às vezes votei a favor e outras vezes votei contra. O que for melhor para o país votaremos a favor, o que for pior para o país votaremos contra”, disse, voltando a rejeitar qualquer acordo de incidência parlamentar com o PSD, face à experiência que o partido teve com os sociais democratas no Governo Regional dos Açores.
Críticas à saúde, preço da gasolina, carga fiscal, portagens e corrupção
Já a discursar, perante cerca de 300 militantes que marcaram presença no jantar, Ventura vincou as críticas que tem vindo a fazer durante a campanha, nomeadamente contra o estado da saúde, o preço da gasolina, a carga fiscal, as portagens ou a corrupção.
O presidente do Chega voltou também a criticar os partidos que procuraram isolar o Chega durante a campanha e que recusaram qualquer diálogo com aquela força partidária, que já defendeu medidas inconstitucionais como a prisão perpétua ou a castração química e apresentou propostas com base na discriminação de determinadas comunidades, como o confinamento de ciganos ou a limitação de imigração de países islâmicos.
“Lutámos contra tudo e contra todos”, salientou, realçando que termina a campanha com o sentimento de “dever cumprido”.
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