Alterações Climáticas

COP 29: "Financiamento climático para países em desenvolvimento é fundamental"

Francisco Ferreira, presidente da Associação ambientalista Zero, alerta para a importância de um forte financiamento climático e as consequências da saída dos EUA do Acordo de Paris.

SIC Notícias

A 29.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29), que está a decorrer até 22 de novembro, é considerada crucial para serem alcançados compromissos de redução de emissões até 2030 e para aumentar o financiamento climático. Francisco Ferreira, presidente da Associação ambientalista Zero, defende que um dos resultados essenciais da atual cimeira climática é a definição de um financiamento robusto para os países em desenvolvimento para o combate às alterações climáticas.

"O importante realmente desta conferência é que saia um forte financiamento climático para os países em desenvolvimento. Isso é absolutamente fundamental, não apenas para os envolver, mas acima de tudo, porque é vital na transição energética destes países para a sua redução, atual e futura, de emissões e também para a adaptação climática. E nós vemos, olhando para Valência, para a Colômbia, para muitos outros locais do mundo, que as alterações climáticas estão a ter um impacto dramático na vida das pessoas, na sua sobrevivência, obviamente também nas economias e, portanto, esse é um aspeto vital".

O presidente da Zero reforça a urgência de definir metas de emissões mais apertadas.

“Nós estamos numa trajetória de subida de temperatura de 3,1°C em relação à era pré-industrial e nós queremos ainda tentar que a temperatura não vá além de 1,5°C”, lembra Francisco Ferreira.

Com 2024 projetado para ser o ano mais quente desde que há registos, os fenómenos climáticos extremos, como cheias, tempestades e incêndios florestais, têm-se intensificado.

Consciencialização pública e dos governos

Francisco Ferreira realça um estudo divulgado esta semana que revela a sensibilidade dos portugueses face à necessidade de combater as alterações climáticas.

“Quase 100% dos portugueses estão conscientes dessa situação”, nota o ambientalista, referindo-se a uma projeção que coloca a Península Ibérica entre as áreas mais afetadas da Europa no que diz respeito às consequências das alterações climáticas.

No que se refere a decisores, nos planos de ação climática dos líderes mundiais “essa consciência existe na maioria dos casos, mas estão a ser colocados à frente investimentos que não são tão prioritários no médio/longo prazo como as alterações climáticas.”

O ambientalista considera que esta visão limitada põe em causa uma abordagem eficaz de longo prazo.

A ausência de líderes de peso e a saída dos EUA do Acordo de Paris

A ausência de líderes como os presidentes dos EUA e da China é, segundo Francisco Ferreira, relevante mas não determinante. De qualquer forma, o ambientalista considera que no que respeita aos EUA, a situação pode ser dramática, uma vez que o presidente eleito Donald Trump tenciona sair do Acordo de Paris.

“Realmente, a saída dos Estados Unidos é dramática, não apenas porque deixa de ativamente participar no financiamento, mas também do ponto de vista de todo o protagonismo que tem e deveria ter, porque historicamente é o principal emissor destes gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. "
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