Uma investigação da estação privada polaca TVN revelou, no domingo, que Karol Wojtyla, enquanto cardeal e bispo de Cracóvia, na Polónia soube de casos de pedofilia cometidos na sua diocese. Mas, conta a televisão polaca, o que decidiu foi transferir os alegados abusadores de paróquia evitando, assim, um escândalo.
O caso terá acontecido ainda antes de ter sido nomeado Papa e, de acordo com o jornalista Michal Gutowski, que assina a reportagem, o então cardeal e bispo de Cracóvia Karol Wojtyla teve conhecimento de casos de abuso sexual e na sequência dos mesmos autorizou a transferência de padres de dioceses.
João Paulo II pediu sigilo
No decorrer da investigação, Michal Gutowski encontrou-se com vítimas e antigos funcionários da diocese. Uma das testemunhas revelou que em 1973 denunciou ao, à data, cardeal Wojtyla os abusos de um padre. O jornalista menciona, aliás, documentos que estiveram na posse da Santa Aliança - antiga polícia secreta comunista - e da Igreja.
"Wojtyla queria, em primeiro lugar, ter certeza de que não se tratava de uma mentira. Pediu que ninguém fosse informado e disse que se encarregaria do assunto", contou a testemunha, acrescentando que o cardeal lhe pediu para manter o assunto em sigilo.
“A bola está do lado da igreja”
"Espero que esta reportagem ponha fim à discussão de que João Paulo II poderia não ter sabido. Depois desta reportagem, não teremos dúvidas de que sabia muito antes de se tornar Papa. Agora, para dizê-lo de forma grosseira, a bola está do lado da Igreja", disse o jornalista.
O jornalista neerlandês Ekke Overbeek escreveu o livro “Máxima Culpa”, que será lançado esta semana na Polónia, onde partilha acusações contra Karol Wojtyla.
Nos últimos anos, a imprensa polaca tem exposto casos de pedofilia dentro da Igreja. Altos cargos religiosos polacos foram punidos pelo Vaticano depois dessas informações serem reveladas.