Habitação

Preços das casas atingem valor recorde: "É o culminar de 15 anos completamente insuportáveis para as famílias"

Os preços das casas atingiram um novo recorde. Entre abril e junho subiram mais de 17%. Ainda assim, há cada vez mais pessoas a optar por comprar em vez de arrendar. O número de casas vendidas no segundo trimestre do ano aumentou mais de 15%.

Marta Tuna

Humberto Candeias

Margarida Bento Campos

Os aumentos são generalizados. Comprar uma casa nova ou já existente está cada vez mais caro. Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) refletem novos recordes na habitação em Portugal. 

Os preços nunca foram tão altos e entre abril e junho subiram mais de 17% face ao período homólogo. Pela segunda vez o valor total das casas vendidas superou os 10 mil milhões de euros em apenas três meses. 

“Há um contínuo desajustamento entre aquilo que é a oferta e a procura ao nível do arrendamento e naturalmente que as medidas que foram tomadas pelo Governo de Montenegro desde o ano passado, ou seja desde o anterior governo e que se mantém [neste novo mandato] têm estimulado a procura e é isso que tem gerado, também associado a um contexto de crise ao nível da indústria da construção, levado a atingir estes valores históricos que é o culminar de uma escalada que tem 15 anos de valores completamente insuportáveis para as famílias portuguesas”, explica Luís Mendes da associação de inquilinos lisbonenses 

Apesar dos valores elevados, a maioria das famílias optou por comprar casa. Entre abril e junho foram vendidas 43 mil casas, mais 15% quando comparado com o período homólogo. Para a associação dos inquilinos lisbonenses, baixar o valor das casas passa por controlar a procura e incentivar o arrendamento. 

“Precisamos de criar uma plataforma (...) um registo nacional de arrendamento onde toda a oferta fique alocada. Torna o mercado mais transparente e mais estável. Até para combater o arrendamento informal que neste momento representa 60% do mercado. Estamos a falar de um buraco negro que distorce tudo o que é possível em termos de preço”, diz Luís Mendes.  

Ora a arrendar ou a comprar, as famílias são as que mais sofrem com a crise na habitação em Portugal. Os custos representam quase 40% das despesas médias, um valor quase 10% acima do recomendado pelas Nações Unidas. 

Últimas