Economia

Pedidos de créditos não param: portugueses estão a endividar-se mais

O número de pessoas que recorre a créditos para a compra de carro e para cartões e descoberto, por exemplo, tem aumentado exponencialmente. A inflação registada no último mês só deverá agravar a tendência.

Madalena Lourenço

João Venda

Eduardo Horta

Os portugueses continuam a recorrer aos bancos para pedir crédito ao consumo. Durante o mês de março, os bancos emprestaram 353 milhões de euros só para crédito pessoal.

Não obstante o aumento de salários, a redução nos impostos e a inflação que abrandou até março, os consumidores continuam a pedir créditos ao consumo.

De acordo com os dados do Banco de Portugal, em março, pela primeira vez em muitos meses, desceu ligeiramente o número de pedidos de crédito pessoal (neste caso, houve menos créditos pedidos sem finalidade específica). No entanto, aumentaram exponencialmente os pedidos de crédito para a compra de carro e para cartões e descoberto.

"Há uma melhoria da situação financeira de muitas famílias, que estão a ter mais rendimento disponível”, admite Natália Nunes, coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco. Também a descida das taxas de juro no crédito à habitação pode estar a dar aos portugueses “alguma confiança para poderem recorrer a crédito".

Especialistas pedem cautela

Olhando para o montante pedido aos bancos durante o mês de março, houve um aumento em todos os parâmetros. Os portugueses pediram mais dinheiro para compras pessoais, de automóveis ou para cartões. Foi para crédito pessoal que os bancos mais dinheiro emprestaram: 353 milhões de euros.

Em abril, a inflação subiu para 2,1%, contrariando as descidas nos meses anteriores. Para os especialistas, isto pode significar que o crédito ao consumo vai continuar a aumentar, em proporção aos esforços financeiros dos portugueses.

"Os portugueses estão a endividar-se mais no que concerne ao montante total de empréstimos solicitado” contata Natália Nunes. "Se temos aqui um indicador - que é o da inflação - que indica que há um aumento do custo de vida, é muito normal que as famílias tendam a pedir mais créditos (...). Agora, vamos ver em que é que isto se traduz."

Os dados são preocupantes. Os especialistas apelam à cautela de todos, especialmente perante a imprevisibilidade económica e financeira do país nos próximos tempos.

Últimas