Os empresários portugueses estão preocupados com o impacto das tarifas anunciadas por Donald Trump. Os Estados Unidos da América (EUA) são atualmente o quarto destino das exportações nacionais. O Governo português convocou 16 associações empresariais para avaliar o impacto das tarifas e definir medidas de mitigação.
“Estas medidas têm impactos não só diretos naquilo que vai ser a competitividade dos nossos produtos num mercado como o dos EUA, mas também indiretos. Vamos perceber como é que os mercados vão reagir, o custo do financiamento, as taxas de juro,...”, afirma Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP).
E se o presidente dos Estados Unidos não recuar, “significa que vamos ter uma crise a nível mundial”, diz Armindo Monteiro, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP).
“Pode ser mais cedo ou mais tarde, mas alguém dará conta de que esta medida está, sobretudo, a prejudicar quem a tomou”, acrescenta.
Impacto "terrível" nos vinhos
Em solo nacional, setores como o dos vinhos vão sofrer o impacto da taxa alfandegária de 20% para a União Europeia.
“Nós exportamos cerca de 100 milhões de euros de vinho para os EUA. Isto é um pouco mais de 10% do total das nossas exportações de vinho. Portanto, obviamente que nos causa uma grande preocupação", admite Álvaro Mendonça e Moura, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
“Estes 20% são uma facada enorme no negócio de exportação dos vinhos portugueses”, declara Dora Simões, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV).
Para os vinhos verdes, assinala, “é terrível”, uma vez que os EUA são “o primeiro mercado de exportação"deste produto.
Indústrias autómovel e têxtil receiam despedimentos
Outros setores, como a indústria automóvel ou a indústria têxtil, antecipam também efeitos imediatos e temem despedimentos.
Ana Paula Dinis, diretora-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), nota que há empresas portuguesas que fazem muito negócio com os EUA e que vão ficar afetadas.
José Couto, presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), admite que “haverá fechos de empresas”, mas ainda espera que esta decisão dos EUA “enão se transforme numa tempestade".
Ao longo da próxima semana, o ministro da Economia, Pedro Reis, vai reunir-se com 16 associações empresariais portuguesa para avaliar o impacto e as medidas de mitigação das tarifas anunciadas por Trump.