Portugal é dos países da União Europeia onde mais se trabalha depois da reforma: 13% dos pensionistas continuam a trabalhar, quase o triplo da vizinha Espanha. Uma das causas é o baixo valor das pensões.
Rosário Irene é pensionista há uma década, mas nem um mês sequer esteve parada. Aos 70 anos,a professora reformada acumula aulas de francês num colégio, com a gestão de projetos na escola pública.
“É uma questão pessoal, de necessidade de estar no ativo”, diz. Admite, no entanto, que “o dinheiro faz sempre falta”.
Na escola secundária João de Deus, em Faro, onde trabalha Rosário Irene, há também quem esteja a adiar o descanso pelo dinheiro na carteira. Só neste agrupamento de escolas, há pelo menos 15 professores já em idade de reforma que continuam a dar aulas.
“Poderiam interromper a atividade e entrar na situação de reformados. Não o estão a fazer porque há um incentivo do Ministério da Educação que lhes permite receber um suplemento para que continuem a exercer a sua atividade profissional”, nota Carlos Luís, diretor do agrupamento escolar.
"Claro que é uma necessidade económica também. Isso é absolutamente óbvio”, afirma. “Resulta dos congelamentos, da desvalorização da classe docente, essencialmente.”
A necessidade financeira é a principal razão para se continuar a trabalhar em Portugal. Justificação para quase 40%daqueles que o fazem - a sexta percentagem mais alta entre a União Europeia.
Há também os que o fazem por gosto, mas ficam-se pelos 30% - quando em boa parte da Europa é esta a principal razão para adiar o descanso.
Parar no momento da reforma é o que fazem, ainda assim, 87% dos pensionistas. E, nessa média, Portugal não destoa da Europa.