2023 e 2024 foram anos negros para quem tem crédito à habitação. Em alguns casos, a prestação praticamente duplicou em apenas um ano. Depois desse sufoco, as taxas estão finalmente a descer, e mais rapidamente do que se esperava.
Comprar casa é um sonho, mas transformou-se num pesadelo para muitas famílias quando a Euribor ultrapassou recentemente os 4%. Em poucos meses, a prestação da casa subiu de 400 euros para 700 ou 800 euros, e em alguns casos para 1.000, 1.200 euros ou mais, conforme o valor em dívida.
Agora que o perigo do aumento da inflação parece ter baixado, o Banco Central Europeu começou a cortar as taxas de juro e isso fez as taxas Euribor caírem também.
Na próxima quinta-feira, o BCE vai rever novamente as taxas de juro de referência. Os especialistas esperam que seja um novo corte e que não será o último. E pode até ser maior do que o previsto.
A maior parte dos economistas que participaram numa sondagem da agência Bloomberg acredita que o BCE vai baixar as taxas de juro ainda mais rapidamente do que o esperado para tentar reativar a economia.
Como as grandes economias europeias, sobretudo a alemã e a francesa, estão em crise, e há ameaças do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas comerciais, esta será uma forma do BCE fazer o contrário do que fez em 2023.
Agora o objetivo será as pessoas ficarem com mais dinheiro na carteira para comprarem mais coisas e fazerem crescer a economia.
Vamos a contas
Um crédito de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread de 1%, em setembro de 2023 estava a pagar 805 euros por mês.
Em maio de 2025, se a Euribor descer para 2%, a prestação baixará para 632 euros por mês. Menos 173 euros por mês, com uma poupança anual de 2.076 euros face a setembro do ano passado.
Com os novos cortes do Banco Central Europeu, a taxa de referência de refinanciamento deverá descer para os 2% no ano que vem, um ano antes do previsto.
Como as Euribor vão provavelmente seguir esta tendência, agora não é uma boa altura para fazer contratos de crédito à habitação com taxa fixa ou mista. Espere até ao verão do ano que vem para ver como as coisas correm.
São boas notícias para quem tem crédito à habitação, mas deve começar já a planear o que vai fazer com essa poupança. É que se a crise da economia europeia chegar cá, convém ter um fundo de emergência preparado entre 6 a 12 meses de todas as suas despesas. Não se deixe apanhar desprevenido.