A Confederação dos Agricultores de Portugal denuncia o incumprimento de alguns pontos da Política Agrícola Comum. À saída da reunião da concertação social, na terça-feira, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) defendeu que os temas com impacto orçamental têm de ser priorizados. A Confederação do Comércio e Serviços acusou o Governo de ignorar estes setores e a CGTP afirmou que os trabalhadores, os jovens e os reformados "foram esquecidos".
À saída da reunião, o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, lamentou que tenham sido apenas discutidos "os problemas concretos das empresas, as necessidades das empresas", enquanto os trabalhadores, os jovens e os reformados ficaram sem respostas.
"Foi mais uma reunião em que os interesses das empresas se sobrepuseram aos interesses dos trabalhadores", criticou, apesar de assinalar como positivo o compromisso de na próxima reunião de concertação social, em 11 de setembro, começarem a ser discutidas matérias como salários e medidas de impacto orçamental.
A secretária-geral da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, Ana Vieira, por seu turno, disse que a reunião correu bem e que foi possível "reafirmar um conjunto de preocupações", como a ausência da concretização de medidas para os setores que a confederação representa.
"Manifestámos também o nosso descontentamento pelo facto de o pacto de 60 medidas, apresentado pelo Governo, esquecer o setor do comércio e serviços. Reafirmamos a nossa disponibilidade para continuar a negociar, desde que os futuros acordos reflitam as preocupações que o setor tem", notou.
Já Mário Mourão da UGT referiu que, sobre o acordo de médio prazo, a central sindical vincou ser importante aplicar todas as medidas "de forma célere", sublinhando que só assim será possível ver o impacto que este acordo terá.
"A UGT colocou também que, relativamente ao acordo, é urgente que sejam priorizadas aquelas matérias que vão ter impacto orçamental, desde logo a questão do ordenado mínimo nacional. Houve um reforço do acordo para 2024, a UGT entende que há condições para que se repita um reforço para 2025 dos referenciais da negociação coletiva e do ordenado mínimo", assinalou.
O secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, disse que a CAP chamou à atenção para pontos que não estão cumpridos, como o que diz respeito à Política Agrícola Comum (PAC).
"O segundo ponto [da reunião] foi sobre o acordo de formação profissional, uma área extremamente importante para que os agricultores cumpram as exigências europeias. Para aplicar fitofármacos tenho de ter um curso, para conduzir um trator também. Esses cursos fazem-se no mundo rural e nas zonas mais recônditas do país e é preciso desburocratizar", vincou.