Economia

Após ter filhos: rendimento das mulheres baixa quase 30%, o dos homens sobe

Uma investigação do Instituto de Saúde Pública do Porto analisou o impacto do nascimento de um filho num casal heterossexual. Em Portugal, as diferenças não são assim tantas devido aos baixos salários.

Cristina Freitas

Rui Andrade

Um estudo europeu liderado pelo Instituto de Saúde Pública do Porto conclui que há grande desigualdade entre pais e mães no mundo do trabalho. O rendimento das mulheres baixa quase 30% depois de terem filhos, enquanto os homens passam a ganhar mais. Mostra ainda que as mulheres continuam a assumir a maioria das responsabilidades familiares e domésticas.

A investigação quis responder à seguinte pergunta: ter filhos afeta de forma diferente a vida pessoal e profissional de pais e mães?

O estudo liderado pelo instituto de Saúde Pública do Porto concluiu que sim, com base em dados de dezenas de países europeus recolhidos entre 2004 e 2020.

"Nesses dados vimos que na média europeia, todos os países, temos uma redução de cerca de 29% do ordenado das mulheres e aumento de 12% nos homens", explicou Teresa Leão, investigadora Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

Portugal é uma exceção. Nas mulheres a diferença salarial não é significativa quando se tornam mães, o que se explica, em parte, pelos baixos ordenados praticados no nosso país.

"As leis existem, mas as medidas têm de ser apropriadas, ninguém muda mentalidades por decretos. Há um papel fundamental nosso, individual", disse Manuel Albano, vice-presidente da Comissão para Cidadania e Igualdade de Género.

Para perceber o impacto desta realidade nas famílias portuguesas, foram entrevistados 30 pais e mães e a conclusão não surpreende.

"Nós sabemos que está a acontecer, mas o estudo vem confirmar, o ónus da parentalidade ainda está muito na mulher, por uma demissão dos homens", Manuel Albano, vice-presidente da Comissão para Cidadania e Igualdade de Género.

As mulheres analisadas neste estudo consideram também que a progressão na carreira é limitada pelas responsabilidades familiares e domésticas.

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