Depois do início da guerra, a União Europeia proibiu as importações de carvão e de petróleo russo. Mas o gás natural liquefeito não foi objeto das sanções europeias à Rússia. De tal forma que, agora, os Estados-membros europeus passaram a importar da Rússia um volume recorde desta fonte de energia. Este gás natural é arrefecido a temperaturas negativas, de forma a ser transportado no estado líquido, via marítima.
Nos primeiros sete meses deste ano, a União Europeia comprou 21,6 milhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito russo. É um aumento de 40% face ao mesmo período em 2021, um ano antes do início da guerra. A denúncia é da organização não-governamental Global Witness, que cita dados da consultora francesa Kpler. Foram noticiados esta quarta-feira pelo jornal britânico Financial Times.
O estudo indica que, só este ano, as importações europeias de gás liquefeito russo já aumentaram 1,7% face ao valor total do ano passado. Espanha, Bélgica e França estão entre os cinco principais compradores do mundo. A China ocupa o topo da tabela: importou 8,7 milhões de metros cúbicos entre janeiro e julho.
Portugal é o sexto maior comprador europeu, a seguir à França, Países Baixos e à Grécia.
Segundo os dados da DGEG (Direção Geral de Energia e Geologia), no primeiro semestre do ano chegaram da Rússia mais de 194 mil toneladas de gás liquefeito russo. Ainda assim, trata-se de um valor cinco vezes inferior ao gás liquefeito que o país já importou, quer da Nigéria (974 mil toneladas), quer dos Estados Unidos (966 mil toneladas).
Portugal passou também a comprar à Guiné Equatorial e à Trinidade e Tobago a partir do ano passado, depois da invasão da Ucrânia. No entanto, nos primeiros seis meses do ano, não importou gás liquefeito de nenhum destes países.