Economia

Lidl garante já estar a baixar preços de óleos, laticínios, arroz e farinhas, mas custo da carne de porco vai subir

Bruno Pereira, administrador de compras da Lidl Portugal, reconhece volatilidade nos preços dos bens alimentares, mas assegura que a empresa nas últimas semanas começou a rever em baixa o custo de alguns produtos.

Lidl
NUNO BOTELHO

Pedro Carreira Garcia

Os choques da pandemia da covid-19 e da invasão da Ucrânia pela Rússia, que penalizaram as economias globais, ainda contribuem, em 2023, para que haja volatilidade nos preços dos bens alimentares. Mas, assegura a subsidiária portuguesa do grupo Lidl, categorias de produtos que tiveram aumentos muito expressivos no ano passado, como os óleos alimentares, já estão mais baratos.

Bruno Pereira, administrador de compras da Lidl Portugal, garantiu, num encontro com jornalistas esta quarta-feira, 28 de junho, que a empresa já começou a fazer “nas últimas semanas” uma correção em baixa de preços de produtos alimentares que registaram subidas substanciais nos últimos meses, como os óleos, laticínios, farinhas e arroz, apesar da “volatilidade” ainda sentida nos custos gerais de produção.

“Noutras matérias-primas vemos um movimento contrário por outros fatores. A mais relevante nos últimos dois meses é a carne de suíno”, com aumentos de preço “na ordem dos dois dígitos”, especifica Bruno Pereira.

Os preços agrícolas no produtor continuam a subir a nível europeu. Na segunda-feira, o Eurostat, autoridade estatística europeia, deu conta de uma subida de 33% dos preços médios dos produtos agrícolas em Portugal, a maior subida homóloga, juntamente com Espanha, na União Europeia. A carne de porco tem encarecido particularmente devido à subida do preço das rações e da energia, provocando uma redução na produção europeia, segundo a Reuters.

É cada vez mais intensa a chuva de críticas de autoridades internacionais e nacionais (como o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) em relação às margens de lucro das empresas, tidas hoje como um dos grandes vetores a alimentar a inflação.

Mas o administrador de compras da Lidl Portugal não fala de indicadores do negócio nacional. Não avança margens de lucro da atividade portuguesa, tema quente entre reguladores e supervisores internacionais (e do Governo português) na posse de cada vez mais dados que sugerem um papel relevante da subida dos lucros na subida da taxa de inflação.

O gestor também não avançou quanto a Lidl Portugal prevê pagar de contribuição sobre os lucros excedentários, o windfall tax que o Governo aprovou sobre as energéticas e sobre as empresas de distribuição.

Impacto de €245 milhões em 2022

As exportações de produtos portugueses, vendidos em outros países onde o grupo Lidl está presente, beneficiaram da tendência altista da inflação; mas também de um crescimento das vendas em alguns segmentos.

O aumento dos preços ajudou a esta subida nominal do valor exportado; mas algumas categorias de produtos registaram subidas também em volume.
Entre os produtos mais vendidos para fora estão as frutas e legumes (com 26,2 mil toneladas, uma subida homóloga de 20%), os vinhos e licores (6,9 milhões de litros, mais 34%), e os legumes e as leguminosas enlatados (22,6 mil toneladas, mais do que duplicando face a 2021), segundo um estudo de impacto das exportações associadas ao grupo Lidl, trabalho realizado pela KPMG, referente ao ano fiscal de 2022, que abrange o período entre março do ano passado e fevereiro de 2023.

As exportações de produtos portugueses facilitadas pela retalhista terão gerado um impacto de 245 milhões na economia nacional e representam 1,9% das exportações alimentares para a União Europeia (UE). Aquele impacto inclui o valor efetivamente faturado pelos fornecedores, mas também o valor estimado na cadeia de valor.

Os produtos portugueses, presentes nas prateleiras do grupo Lidl em 29 dos 31 mercados onde a retalhista está presente, provêm de mais de 100 fornecedores nacionais, dos quais 78% são pequenas e médias empresas (PME). A atividade exportadora associada ao Lidl contribuiu ainda para assegurar 4932 postos de trabalho em Portugal.

Entre os produtos-estrela exportados para outros mercados, por serem diferenciados em relação a outras produções, estão ​a maçã de Alcobaça e a laranja do Algarve, já a ser exportados para Espanha e França, respetivamente.

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