Economia

Certificados de aforro: alterações à vista? Governo está atento

Têm sido a forma de poupança preferida dos portugueses, mas as regras “do jogo” podem mudar em breve. O ministro das Finanças avisou que o Governo está atento e mediante o número de futuras subscrições, pode agir. “Um péssimo sinal”, na opinião de um analista da Proteste Investe, que antecipa o que pode estar para vir.

Poupança, dinheiro.
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SIC Notícias

Não é novidade que os certificados de aforro têm sido “apetecíveis” pelos portugueses. São uma forma de poupança fiável e com taxas atrativas. Mas, atenção, podem vir a sofrer alterações. Esta hipótese foi deixada em aberto pelo próprio ministro das Finanças que, em abril deste ano, admitiu que o Governo estará atento ao número de novas subscrições.

No primeiro trimestre, as famílias portuguesas aplicaram mais de 9 mil milhões de euros em certificados de aforro. O que significa que os depósitos nos bancos tendem a abrandar e isso traduz-se em perdas. De acordo com os dados de março, os bancos perderam 3 mil milhões de euros devido à corrida aos certificados de aforro.

Atualmente, os aforradores beneficiam de uma taxa de juro bruta de 3,5%, o teto máximo permitido por lei.

Na conferência de apresentação do Programa de Estabilidade, o ministro Fernando Medina reconheceu que a corrida aos certificados de aforro decorre da “livre escolha que os portugueses têm feito por não encontrarem no mercado uma oferta do ponto de vista da poupança, que seja compatível com uma remuneração adequada” àquilo que esperam.

Concluiu-se, por isso, que os portugueses tendem a recorrer a este título do Estado porque os depósitos em bancos nacionais são os menos rentáveis da zona Euro.

Mas o atual cenário pode estar prestes a terminar e agravar o facto de Portugal ter uma das mais baixas taxas de poupança.

Proteste Investe antecipa dois caminhos

Esta segunda-feira, a Proteste Investe publicou um artigo que se debruça sobre as regras dos certificados de aforro que podem vir a ser alteradas e que podem resultar num “péssimo sinal para quem aplica as poupanças nos títulos do Estado”. A conclusão em jeito de alerta é do especialista em produtos de poupança e analista financeiro, António Ribeiro.

O analista lembra que, em abril, o ministro das Finanças avisou que o Governo ia estar atento aos certificados de aforro e que seriam avaliados em função da evolução nos meses seguintes. "Teremos de avaliar a forma como as subscrições ocorrem ao longo dos próximos meses", afirmou Fernando Medina.

O Governo foi surpreendido pela corrida a estes títulos do Estado devido à subida da Euribor a três meses, que determina a remuneração destes produtos.

Cada subscrição vence juros com uma periodicidade trimestral, sendo estes juros capitalizados. Há ainda a somar um prémio de permanência de 0,5% do início do segundo ano ao final do quinto, e de 1% a partir do sexto ano até ao final de 10 anos, explica o Proteste Investe.

O especialista em produtos de poupança, António Ribeiro, acredita que o Governo poderá adotar um de dois caminhos: avançar com alterações no que respeita a “taxa de rentabilidade de futuras subscrições dos certificados de aforro”; ou avançar mesmo com a emissão de uma nova série, com outras condições e uma remuneração mais baixa.

Para o analista da Proteste Investe este facto surpreendente, "dado ser recorrente o Estado alterar as regras a meio do jogo quando as condições deixam de ser favoráveis para o emitente”.

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