É preciso recuar até 17 de janeiro, quando a CEO da TAP prestou, pela primeira vez, esclarecimentos aos deputados sobre a indemnização a Alexandra Reis. A questão é que, esta semana, na audição na comissão parlamentar de inquérito, Christine Ourmières-Widener revelou um pormenor que muitos desconheciam: na véspera da primeira ida ao parlamento, reuniu com deputados socialistas e membros dos ministérios.
A denúncia foi feita pela Iniciativa Liberal (IL) que classificou este facto de “gravíssimo”, sustentando o deputado liberal Bernardo Blanco que "há aqui um conflito de interesses e tem que ser analisado se podem continuar na comissão, ou não, tendo em conta esta reunião que tiveram”.
Mas Christine Ourmières-Widener acrescentou mais um facto à polémica. Segundo a CEO da TAP, a recomendação da reunião partiu do Ministério das Infraestruturas, na altura já liderado por João Galamba, mas, segundo a IL, a convocatória formal foi feita pelo Ministério dos Assuntos Parlamentares.
Ora, agora foi a vez de um dos "visados" apresentar a sua versão. Em comunicado enviado às redações, o Ministério de João Galamba confirma a reunião, assegurando que se realizou “em conformidade” não só com os termos do Regimento da Assembleia da República como com a prática parlamentar de “todos os Grupos Parlamentares”.
Mais. E é aqui que as versões não coincidem. O ministro das Infraestruturas revela que “foi informado de que a TAP, na tarde do dia 16 de janeiro, tinha transmitido o seu interesse em participar na reunião com o Grupo Parlamentar do PS". À SIC, fonte da companhia aérea desmente esta afirmação, dizendo não ter "conhecimento de que tenha sido assim”.
Confirmando que “não se opôs” a tal, o ministro das Infraestruturas diz também que a reunião foi “agendada pela Área Governativa dos Assuntos Parlamentares para o dia 17 de janeiro. Porém, refere o comunicado de apenas cinco pontos, a reunião decorreu ”pelas 12 horas" mas “sem a presença do Ministro das Infraestruturas”.
“Por parte da Área Governativa das Infraestruturas estiveram presentes o adjunto Dr. Frederico Pinheiro e a técnica especialista Eng.ª Cátia Rosas”, revela.
Quanto ao que Christine Ourmières-Widener lá foi fazer, a tutela remete para o que a própria disse aos deputados, ou seja, que “em nenhum momento sentiu qualquer tentativa de condicionamento ou instrumentalização e que se transcreve: ‘As pessoas queriam perceber o que se passou, foi mais um briefing do que uma reunião de estratégia (…). Não me lembro de qualquer combinação de perguntas’”.
Resta saber se estes esclarecimentos do ministro João Galamba são suficientes para a IL, que prontamente pediu a demissão do governante.
[Notícia atualizada às 17:19]