Esta segunda-feira é o último de três dias de greve dos tripulantes de cabine da Easyjet. Desde o início do protesto foram canceladas dezenas de voos em Lisboa, Porto e Faro, apesar do Governo ter estipulado serviços mínimos.
Segundo os tripulantes, a adesão foi total. Por outro lado, a empresa diz que a greve não tem afetado o funcionamento dos serviços. O sindicato do Pessoal de Voo e Aviação Civil considera que o balanço da manifestação foi “bastante positivo” e dentro do que era “expectável”.
“Foi uma demonstração cabal que os tripulantes estavam descontentes” disse à SIC Notícias Ricardo Penarroias. “Demonstraram desta maneira: havendo uma adesão de quase 100%, tendo a companhia de recorrer à chefias locais para poder fazer apenas dois voos fora dos serviços mínimos.”
O representante sindical critica a decisão da Easyjet ter cancelado “logo 30% dos voos à cabeça” na altura em que foi feito o pré-aviso de greve.
“Custa-nos um bocadinho a entender como é que uma empresa, logo no dia a seguir ao pré-aviso, começa a cancelar voos. É sinal que percebe que há descontentamento. Porque preferiu pagar para ver? Porque preferiu criar este transtorno aos passageiros e não sentar-se à mesa das negociações com sindicato e apresentar uma proposta credível, séria e que tenha em conta a realidade não só da operação da Easyjet como do país?”
No aeroporto Sá Carneiro, no Porto, está previsto o cancelamento de 18 voos, esta segunda-feira. Nas partidas, oito dos 22 voos previstos não irão realizar-se, já nas chegadas foram cancelados 10 dos 24 voos agendados.
A companhia aérea Easyjet optou por cancelar algumas das ligações com antecedência de forma a permitir aos passageiros gerir melhor as suas viagens.
Os trabalhadores reivindicam o aumento dos salários e melhores condições laborais. Pedem mais e melhores negociações com a empresa. Queixam-se ainda da diferença de salários que recebem em Portugal, comparado com os que recebem os tripulantes franceses - uma diferença que pode chegar ao triplo.
Easyjet avança que foram realizados 80% dos voos planeados
A companhia britânica de baixo custo Easyjet afirma ter realizado 80% dos voos planeados para o fim de semana de greve. Garante à Agência Lusa que foram operados 530 voos em Portugal.
"No total tivemos 52 voos protegidos [cancelados] e operamos 530 voos em Portugal, 80% do planeado", lê-se na informação enviada à Lusa no terceiro e último dia da greve, convocada para exigir aumentos salariais e melhores condições de trabalho.
De acordo com a empresa, no sábado foram cancelados 16 voos, dos 192 previstos, e no domingo foram cancelados 20 voos, de um total de 180. Para esta segunda-feira, a companhia aérea avança que serão cancelados 16 voos.
"No sábado, até inauguramos uma rota nova, Porto - Nápoles. Em relação a Faro, em particular, operamos 91% da operação sábado (64 voos) e domingo operáramos 90% da operação, 56 voos).
A companhia afirma ter operado "mais de 80% do seu programa de voos" nos dias 1, 2 e 3 de abril. Para esta segunda-feira, estima assegurar 77% da operação planeada para o país.
"Continuaremos a fazer todo o possível para minimizar o impacto da greve nos clientes. Passageiros com reservas em voos dentro do período de greve também têm a opção de alterar o voo", indicou a companhia, em comunicado.
A EasyJet aconselha os clientes a verificarem o estado do voo no rastreador de voos e, se necessário, efetuarem alterações no website (Guia "Gerir Reservas").
"Estamos desapontados com esta greve, sobretudo tendo em conta o significativo investimento que fizemos no país nos últimos anos, que criou centenas de novos postos de trabalho em Portugal e esperamos que o SNPVAC retome um diálogo construtivo connosco", referiu a empresa.
O Ministério das Infraestruturas, que tutela os transportes, estabeleceu um serviço mínimo de 54 voos, segundo a AFP. Por seu lado, a Easyjet indicou estar a fazer tudo para "minimizar o impacto" da ação, explicando que tentou antecipar os efeitos da greve, cancelando voos antecipadamente e dando aos clientes a possibilidade de alterarem viagens gratuitamente ou de obterem o reembolso.
A companhia emprega atualmente mais de 750 pessoas, das quais cerca de 534 são tripulantes de cabine.