Economia

Crise na habitação afeta turismo no Algarve

Além do turismo, a falta de habitação torna difícil atrair professores ou médicos para a região.

SIC Notícias

O Algarve é das regiões mais afetada com a crise na habitação. A oferta de casas é escassa, e as que há tem custos demasiado elevados.

Para além de afetar os habitantes locais que procuram sítio onde viver, afeta também quem vive do turismo, um setor tão essencial para a região.

Pedro Lisandro, com 35 anos apesar de empregado e com perspetiva de carreira, vive na casa da tia, a namorada divide casa com colegas de trabalho.

Há seis meses que o casal procura uma casa para ambos e começaram "com um budget inicial por volta dos 500 euros" à procura de um t1 em Faro, mas com a pouca oferta e os valores praticados perceberam que "era completamente impossível".

Tal como este casal, cerca de 10 pessoas procuram por dia apartamentos para arrendar na imobiliária de Reinaldo Teixeira, no último mês surgiram apenas duas ofertas, e a única casa disponível é um T3 por 1500 euros por mês.

"O pouco que há que é quase nada, ou aquilo que possa surgir não vai responder às necessidades das pessoas que procuram essas casas para arrendar, porque o custo da construção, o custo dos terrenos, o valor de venda das frações, é bem superior a que se possa ter rendas inferiores em t1 por exemplo 600/700 por mês, t2 mais de mil euros". Reinaldo Teixeira, empresário imobiliário.

Hotéis vão precisar de oito mil trabalhadores

Numa região tão desenvolvida pelo turismo, os altos preços e a pouca oferta, estão a dificultar a capacidade de atrair mão-de-obra.

“Não há ordenado que consiga pagar o espaço e a pessoa consiga sobreviver com o que sobra”, afirma António Andrade, proprietário de um restaurante em Vilamoura.

A falta de alojamento no último verão, traduziu-se na dificuldade de contratar pessoas, António viu-se "obrigado a fechar num período de 2 horas entre os almoços e o jantar, coisa que não fazia e abrir mais tarde durante o período da manhã para que não sobrecarregasse o pessoal".

Nos hotéis o problema persiste, este ano já assumiram precisar de quase 8 mil trabalhadores para manter todos os serviços abertos. Muitas cadeias veem-se obrigadas a gastar vários milhões de euros na compra de apartamentos de férias para conseguir alojar funcionários.

Falta de habitação dificulta atrair médicos e professores para o Algarve

O problema da falta de habitação não afeta só o turismo, a escassez de casas torna impossível atrair professores ou médicos para a região.

Quem quer viver na região, compete com quem quer comprar uma casa de férias. Na opinião dos empresários, não são restrições ao alojamento local ou incentivos à construção que podem mudar o cenário.

“Se se fez em tempos e bem pins para construir turismo e industria, que se faça pins para construir a habitação. Não é soluções de 10,20, 50 casas é centenas de casas que são necessárias”, acredita o agente imobiliário.

Últimas