Economia

Sindicato de tripulantes "chumba" proposta da TAP e avança para greve este mês

A proposta da TAP foi chumbada por “larga maioria”. Refira-se, porém, que a Assembleia-geral não foi fechada, mantendo-se aberta a porta das negociações com a administração para tentar travar a greve.

SIC Notícias

Ana Lemos

O que era “muito provável” à entrada para a Assembleia-Geral confirmou-se no final. Os tripulantes de cabine da TAP decidiram manter a greve de sete dias prevista para o final deste mês, entre os dias 25 e 31 de janeiro.

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) reuniu hoje em Assembleia Geral de emergência com um ponto único na ordem de trabalhos: a "apresentação, discussão e votação da proposta apresentada pela TAP", no âmbito das negociações de um novo acordo de empresa, que tem causado atritos entre a companhia e o sindicato.

Essa proposta foi, no entanto, “chumbada por larga maioria”. A SIC Notícias apurou que dos mais de 900 tripulantes (entre presenças e procurações), houve 857 votos contra a proposta da TAP, 29 a favor e nove abstenções.

A SIC Notícias sabe também que toda a direção do SNPVAC votou contra.

Saliente-se, porém, que apesar deste “chumbo”, a Assembleia-geral não foi fechada, o que significa que a porta das negociações se mantém aberta. Ou seja, está agora nas mãos da administração da companhia aérea fazer uma nova contraproposta para ainda tentar travar a greve.

“Há zonas cinzentas no documento que levam a muitas dúvidas. E dúvidas provocadas pelo quê? Pelo que se passa neste momento junto da administração, [pelos] vários erros de gestão, a falta de transparência (…). Os tripulantes mostraram que [querem] os 14 pontos, quando foi para nos tirar, tiraram tudo. Agora chegou a altura de dizer basta. (…) Tem que haver consciência por parte de quem governa, de quem está na administração da companhia que isto não vai lá com migalhas”, avisou o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarróias, à saída da Assembleia-geral.

Greve pode custar 28 milhões de euros

Tendo em conta o prejuízo da última greve dos tripulantes de cabine, nos dias 8 e 9 de dezembro, que de acordo com contas da TAP custou oito milhões de euros, uma greve de sete dias custará quatro milhões/dia.

Contas feitas, e estando em cima da mesa sete dias de paralisação - entre 25 e 31 de janeiro -, o prejuízo previsto com cancelamentos pode chegar, ou até ultrapassar, os 28 milhões de euros.

Expectativa do ministro sai frustrada

À entrada para a reunião, o presidente do sindicato adiantou que era "muito provável" que os tripulantes decidissem manter o pré-aviso de greve. Ricardo Penarróias reiterava o sentimento de insatisfação com a gestão da TAP.

Antes, o dirigente sindical teve uma reunião com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, que, em nota enviada pelo gabinete, manifestou-se "convicto" de que a assembleia-geral do SNPVAC daria "um passo decisivo para a melhoria da situação dos trabalhadores e da companhia aérea, permitindo evitar uma greve de sete dias que causaria um grave dano à empresa". O que não se confirmou.

Recorde-se que, nos dias 8 e 9 de dezembro, o SNPVAC realizou uma greve de tripulantes que levou a companhia aérea a cancelar previamente 360 voos e que provocou um impacto estimado total de oito milhões de euros.

Cerca de um mês depois, o SNVPAC entregou um pré-aviso de greve por sete dias, entre 25 e 31 de janeiro, de acordo com uma nota enviada aos associados. À data deste anúncio, a TAP disse lamentar mas respeitar a decisão, assegurando tudo fazer para um acordo.

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