O antigo banqueiro Álvaro Sobrinho terá desviado quase 400 milhões de euros do BES Angola. A acusação do Ministério Público refere que parte do dinheiro terá sido usado para comprar imóveis de luxo em Portugal, relógios e joias - só um dos relógios terá custado mais de 600 mil euros.
Em dezembro de 2014, quando foi chamado à comissão parlamentar de inquérito sobre o colapso do Banco Espírito Santo, Álvaro Sobrinho recusou explicar a fortuna que acumulou enquanto lider do BES Angola.
Quatro anos antes já tinha por exemplo comprado, por 9,5 milhões de euros, através de uma offshore com sede na Suíça, seis apartamentos de luxo no empreendimento Estoril-Sol. Foram adquiridos maioritariamente, segundo a acusação a que a SIC teve acesso, "com fundos indevidamente apropriados pelo arguido, disponíveis nas contas do BESA domiciliadas no BES"
Durante anos, o BES Angola era apenas mais um tentáculo do universo Espírito Santo, alimentado por transferências do BES em Portugal. Álvaro Sobrinho era o homem de confiança de Ricardo Salgado em Luanda, concentrava todos os poderes de concessão de crédito e de acesso aos fundos disponibilizados pelo BES.
Aproveitando-se da opacidade do sistema bancário angolano, parte desses financiamentos terão sido alegadamente desviados para fins pessoais. Em conjunto com Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires e Hélder Bataglia terão desviado mais de 450 milhões de euros, sendo que a maior fatia (390 milhões de euros) terá ido parar à esfera de Álvaro Sobrinho.
As verbas seriam transferidas de Portugal, através do BES, diretamente para o BESA e depois distribuídas por 23 offshores em paraísos fiscais sedeados nas Seicheles, Ilhas Virgens Britânicas, Luxemburgo e Ilhas Caimão. Todas alegadamente controladas por Álvaro Sobrinho.
O dinheiro servia para alimentar os gastos mais sumptuosos, sobretudo no ramo imobiliário: apartamentos de luxo em vários pontos do país e até quintas – como a da Foz do Pinhão, no Douro, pela qual pagou quase três milhões de euros.
Álvaro Sobrinho nunca escondeu a paixão por joias e relógios. Pagou por um relógio em platina, em maio de 2011, numa loja em Lisboa, mais de 660 mil euros. Em menos de um ano gastou 2,5 milhões de euros em modelos quase exclusivos.
Sobrinho está proibido de sair do espaço Schengen. Já prestou uma caução de seis milhões de euros e está acusado de 23 crimes de abuso de confiança agravada e branqueamento de capitais.