Economia

Bancos querem trocar contribuição extraordinária por empréstimo ao Fundo de Resolução

Os bancos querem trocar a contribuição extraordinária  para o Fundo de Resolução, que vai capitalizar o Novo Banco, por um empréstimo,  uma solução em discussão com o Banco de Portugal e que está a ser analisada  pelas Finanças. 

Lusa
Andre Kosters

Segundo disse à Lusa fonte do setor financeiro, os bancos querem que  a contribuição extraordinária de mais de 100 milhões de euros que lhes é  exigida pelo Banco de Portugal para acudir à crise do Banco Espírito Santo  (BES) assuma a forma de empréstimo. 

Os presidentes dos principais bancos a operar em Portugal reuniram-se  hoje, ao início da tarde, com o Governador do Banco de Portugal na primeira  reunião entre Carlos Costa e os banqueiros desde o resgaste ao banco fundado  pela família Espírito Santo. 

A reunião teve muitas perguntas dos banqueiros e poucas respostas do  Governador, já que os pormenores da solução encontrada para o BES ainda  estão longe de estarem fechados, segundo a mesma fonte. 

Em cima da mesa esteve a possibilidade de as instituições financeiras  não fazerem uma contribuição extraordinária para o Fundo de Resolução, que  deverá ascender a 133 milhões de euros, como foi anunciado pelo Banco de  Portugal. 

O Banco de Portugal tomou controlo do BES este domingo e anunciou a  separação da instituição num banco mau ('bad bank'), que concentra os ativos  e passivos tóxicos, e num 'banco bom', o chamado Novo Banco, que reúne os  ativos e passivos não problemáticos, como será o caso dos depósitos e que  receberá uma capitalização de 4,9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução  bancário. 

O Fundo de Resolução foi criado em 2012 para intervir financeiramente  em bancos em dificuldades, aplicando as medidas determinadas pelo Banco  de Portugal. O fundo é financiado pelas contribuições regulares dos mais  de 80 bancos com atividade em Portugal e por contribuições extraordinárias  em caso de crise num banco em particular. 

No entanto, como este fundo é recente, ainda não está suficientemente  dotado. Em junho do ano passado, em mais uma revisão do programa da 'troika',  Bruxelas determinou que o Fundo de Resolução deveria atingir ativos de 2  mil milhões de euros em 10 anos. 

Assim, dos 4,9 mil milhões de euros com que o fundo vai capitalizar  o Novo Banco, a parcela mais significativa (4,4 mil milhões de euros) virá  do dinheiro da 'troika' reservado ao setor financeiro e que ainda não tinha  sido utilizado. A ministra das Finanças informou na segunda-feira que este  montante vai ser emprestado a um juro que começa em 2,95% e que aumenta  a cada trimestre. 

Já quanto aos restantes 500 milhões de euros, o supervisor e regulador  bancário quer que venham dos bancos que participam no fundo. Uma vez que  o fundo ainda só tem 367 milhões de euros, será necessário colocar mais  133 milhões de euros. 

É a forma como esse valor será injetado pelos bancos no fundo que ainda  está em discussão com o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças. 

Segundo o Público de hoje, a solução encontrada pelo Governo e pelo  Banco de Portugal para o BES foi conhecida pelos presidentes dos principais  bancos no sábado e, apesar de ter sido compreendida pelos responsáveis do  ponto de vista político, apanhou a banca desprevenida. A solução tem sido  ainda criticada pelos bancos, que consideram que estão a ser obrigados a  assumir a responsabilidade por um problema criado por outros. 

 

     

 

Lusa

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