Economia

Meio milhar em Lisboa a pedir a Passos que suspenda encerramento dos estaleiros de Viana

Cerca de 500 pessoas de Viana do Castelo,  na sua maioria trabalhadores dos estaleiros navais, rumam a Lisboa, na quarta-feira,  para um protesto junto à residência oficial do primeiro-ministro, reclamando  a suspensão do encerramento da empresa.

(Lusa/Arquivo)
ARMÉNIO BELO

Segundo informações avançadas hoje à agência Lusa pelo porta-voz da  comissão de trabalhadores, o protesto está agendado para as 15:30, junto  ao Palácio de São Bento, e o transporte dos manifestantes para Lisboa será  feito em dez autocarros, cedidos pela Câmara de Viana do Castelo. 

Na partida junto aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), pelas  07:45, são esperadas cerca de 500 pessoas, nomeadamente 430 trabalhadores  e os restantes antigos funcionários da empresa, indicou ainda António Costa.

O protesto junto à residência oficial do primeiro-ministro envolve um  desfile dos trabalhadores em Lisboa e conta com o apoio da CGTP.  

Desde junho de 2011 será o oitavo protesto de rua dos trabalhadores  dos ENVC, o terceiro realizado em Lisboa. 

Esta nova "ação de luta", explicam os trabalhadores, pretende reclamar  a suspensão do processo de subconcessão - acompanhado do encerramento da  empresa -, e a avocação do dossiê por Pedro Passos Coelho. 

"Como é que o senhor primeiro-ministro está preocupado com o desemprego,  quando tem alguém na sua equipa (ministro da Defesa) que só quer fazer um  despedimento coletivo? Nós não queremos indemnizações, queremos trabalho",  afirma o porta-voz da comissão de trabalhadores dos ENVC. 

"Queremos trabalho, não queremos desemprego. Vamos dizer isso ao senhor  primeiro-ministro", insiste António Costa, lançando, uma vez mais, o apelo  a Passos Coelho: "O senhor primeiro-ministro tem uma solução: tirar o processo  das mãos do ministro da Defesa, que não está bem. Está muito intranquilo  e com falta de transparência neste processo". 

Os trabalhadores reclamam a reestruturação da empresa e um investimento  na sua modernização, bem como o arranque da construção de dois asfalteiros  para a Venezuela, uma encomenda de 128 milhões de euros feita em 2010. 

O autarca socialista de Viana do Castelo já justificou o apoio logístico  do município a esta manifestação, garantindo o transporte, por considerar  tratar-se de uma ação "legítima e justa" dos trabalhadores. 

"Esta luta é pela dignidade e pelo direito ao trabalho daqueles que  ao longo dos últimos 69 anos ajudaram a construir uma empresa de referência  da construção naval nacional", disse à agência Lusa José Maria Costa. 

O grupo Martifer anunciou que vai assumir em janeiro a subconcessão  dos terrenos, infraestruturas e equipamentos dos ENVC, pagando ao Estado  uma renda anual de 415 mil euros, até 2031, conforme concurso público internacional  que venceu. 

A nova empresa West Sea deverá recrutar 400 dos atuais 609 trabalhadores,  que estão a ser convidados a aderir a um plano de rescisões amigáveis, que  vai custar 30,1 milhões de euros.  

 

Lusa

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