Economia

Medidas propostas pelo FMI podem “demolir sistema educativo”, defende Mário Nogueira

O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FENPROF), Mário Nogueira, afirmou hoje que é "absolutamente impossível levar por diante as medidas propostas pelo FMI sem demolir o sistema educativo que temos". 

Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FENPROF)
JOSE COELHO

"Se se concretizarem estas medidas vai ser um desastre absoluto e total.  Nesse quadro, o ministro Nuno Crato não passará de uma mera figura de retórica,  porque, na verdade, ele serve apenas para arranjar justificações para aquilo  que não tem justificação que é, de facto, a destruição completa do sistema  educativo que Portugal tem", disse. 

Mário Nogueira considerou ainda que a dispensa de 50 mil professores  apontada, num relatório do FMI, como um dos caminhos para a reforma do Estado  é "um disparate absoluto". 

Para o sindicalista, isto "significa que, neste momento, já não há limites  para a destruição, é arrasar, é deitar abaixo tudo aquilo que foi construído  e que foi difícil". 

No entender do dirigente da FNE, "trata-se de retirar da Educação aquilo  que se está a pagar aos bancos e tudo aquilo que é vigarice que neste país  foi feito por muita gente que continua impune". 

"Não são só as medidas em si, elas acrescem aos cortes já previstos  no OE/2013, que também já preveem uma forte redução de verbas na Educação,  nomeadamente com a tomada de medidas que provocarão mais despedimentos,  mais desemprego, mais mega-agrupamentos, ou seja, são medidas em cima de  medidas, de uma violência completa", frisou. 

"Penso que o ministro Nuno Crato, se não tomar uma atitude de demarcar-se  disto indo embora, vai ficar simplesmente a fazer a figura do palhaço pobre  do circo em ruínas", acrescentou. 

A dispensa de 50 mil professores, o aumento das taxas moderadoras e  um corte em todas as pensões são algumas das medidas propostas pelo Fundo  Monetário Internacional num relatório pedido pelo Governo sobre o corte  nas funções do Estado. 

No relatório, divulgado hoje pelo Jornal de Negócios, mas que tem data  de dezembro, o FMI detalha medidas que "poderão aumentar a eficiência do  Estado, reduzindo a sua dimensão de forma a suportar a saída da crise".

No documento, o FMI propõe "um corte permanente na despesa de quatro  mil milhões de euros a partir de 2014, que poderá ser precedido de uma redução  de 800 milhões já este ano". 

Redução de funcionários e salários na Educação, Saúde e forças de segurança  e cortes no Estado Social, que consideram iníquo, especialmente para os  mais jovens, são algumas das áreas a que o FMI dá especial atenção. 

  Lusa

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