Desporto

A entrevista a Jorge Nuno Pinto da Costa

A pouco menos de um mês para as eleições do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa esteve em entrevista na SIC e SIC Notícias, onde abordou as aspirações dos “dragões” do que resta da temporada, o ato eleitoral de dia 27, o “rival” André Villas-Boas e ainda a relação com Fernando Madureira.

Rafael Carvalho Ferreira

Depois de viver um dos momentos mais negros desde que assumiu a liderança do FC Porto, o presidente mais titulado na história do futebol vive tempos de contestação pelos adeptos portistas e a equipa de futebol está cada vez mais longe de conquistar o título nacional.

Neste último fim de semana, os dragões perderam pela terceira vez esta temporada frente ao Estoril, afastando-se ainda mais dos principais rivais na luta pelo campeonato nacional, que não vence desde 2022.

“Título nacional? Estamos praticamente fora da corrida”

Pinto da Costa está ciente da dificuldade que é reconquistar o título de campeão, mas aponta à Taça de Portugal para vencer ainda esta temporada.

"Temos que ser realistas, em termos de título, estamos praticamente fora da corrida. Não vamos estar a inventar. Mas há mais coisas para ganhar, temos uma Taça de Portugal que pretendemos vencer e temos já um jogo com o Vitória que está num bom momento", começou por dizer.

"Entendo que não. O futebol tem condicionantes, todos viram a forma como perdemos, as razões porque perdemos [no Estoril]. Não tem qualquer influência. A equipa está bem, está forte e tenho a certeza que vai reagir e mostra o seu real valor já em Guimarães. Não estou preocupado", acrescentou.

“Champions? Temos poucas hipóteses que qualificar”

Para além de estar quase arredado da corrida pelo campeonato, o clube da Invicta está mais longe de garantir a presença na próxima edição da Liga dos Campeões, que na nova época que se avizinha, terá apenas uma equipa portuguesa com entrada direta e uma outra por via de um play-off.

"Liga dos Campeões? Temos poucas hipóteses de nos qualificarmos para o ano. Não é impossível mas temos de ser realistas", admitiu.

“Revolta dos jogadores? É fácil dizer que não concordo”

Após o encontro na Amoreira, os jogadores “azuis e brancos” revoltaram-se contra as decisões do árbitro, que reverteu uma grande penalidade a favor dos vice-campeões nacionais e expulsou ainda dois futebolistas. Pinto da Costa afirma que “é fácil dizer que não concorda”.

"É fácil dizer que não concordo. O futebol é emoção e um indivíduo que sente que o jogo é dirigido daquela maneira, na primeira parte houve faltas consecutivas sobre os nossos jogadores e não houve amarelos, depois na segunda parte houve vários amarelos para os nossos jogadores. O livre que dá a expulsão do Diogo Costa é do lado direito e depois é marcado na zona central. Pode parecer que não tem importância, mas só mostra que os jogadores do Estoril fizeram o que quiseram", atirou.


"A arbitragem mudou com a candidatura de Villas-Boas"

Como ponto de passagem da arbitragem para as eleições, que decorrem no final deste mês de abril, o líder portista refere que a equipa não teve “razões de queixa da arbitragem” em 2023, mas desde que a candidatura de André Villas-Boas à presidência do clube foi tornada pública, "tudo mudou".

"É um ponto interessante, ligar a arbitragem com as eleições. A arbitragem, em 2023, o FC Porto não teve diretamente razões de queixa, não foi beneficiado nem prejudicado, foi indiretamente prejudicado, porque Sporting em Faro e Casa Pia foi à custa de arbitragem que venceu. Mas há coisa curiosa: a partir do momento que apareceu uma candidatura do André Villas-Boas, apareceu e a arbitragem mudou. Uma coincidência e uma realidade", argumentou.

Sobre o presidente do Conselho de Arbitragem (CA), Pinto da Costa diz que “é um homem sério, que faz o que pode”, mas "se não houver tintas, um pintor não pinta".

"Em relação aos membros do Conselho de Arbitragem (CA) não posso dizer porque não sei quem são as pessoas. Em relação ao presidente do CA, em termos de seriedade, mantenho o que disse. É um homem sério, que faz o que pode. Mas se não houver tintas um pintor não pinta", enfatizou.

“A candidatura de Villas-Boas tem dividido os adeptos”

Voltando ao concorrente ao cargo de presidente do FC Porto, Pinto da Costa diz que o ex-treinador dos dragões tem dividido os adeptos “azuis e brancos”.

"Vou fazer 42 anos de presidência. Conseguimos vencer 2566 títulos, 68 no futebol e sete internacionais no futebol. Temos mais títulos internacionais do que todos os outros juntos. A grande base do sucesso, porque tivemos grandes treinadores sempre, todos praticamente foram campeões nacionais, os que não foram deixaram a sua marca com títulos, como Octávio Machado e Paulo Fonseca, que venceram Supertaça. A grande vitória, nossa base, foi união dos sócios. Desde que apareceu esta candidatura, não tem feito mais nada se não tentar dividir os sócios. Mais nada", apontou.


"Até à minha recandidatura, era um herói para Villas-Boas"

Jorge Nuno Pinto da Costa prossegue o ataque ao candidato à presidência do clube, relembrando que até à sua recandidatura, “era um herói para Luís André”.

“Ingratos ou não, cada um reage como quer. Há dois pontos: é a candidatura do Luís André e a minha recandidatura. Até à candidatura do Luís André eu era o presidente dos presidentes, a minha obra era fantástica, tenho documentos dele a dizer que sou o herói da vida dele, que eu era o maior. Porque pensavam que eu não me ia candidatar. A partir do momento em que apresentei a recandidatura, passou a estar tudo mal. A academia, que vai ser a melhor do país, já não vale nada e querem transferir tudo para um galinheiro no Olival. Eu era tudo, ia ter uma estátua, depois candidatei-me e passou a estar tudo mal”, relembrou, acrescentando que “não houve qualquer afastamento entre os dois”.


“Fernando Madureira não traiu a minha confiança”

Outro dos temas abordados nesta entrevista foi a Assembleia Geral Extraordinária, que terminou com confrontos entre adeptos portista. Fernando Madureira, um dos implicados na confusão na reunião magna não perdeu a confiança de Pinto da Costa, com o próprio faz questão de realçar.

"Fernando Madureira não traiu a minha confiança. Como não considero isso, não. Conheço as realidades e sei. Não há nenhuma imagem, que se houvesse já tinha aparecido nos telejornais, que mostre o Fernando Madureira a agredir seja quem for. Não há uma!", apontou.

“Não tinha problema algum em visitar o Madureira. Ele roubou alguém?”

O líder da Claque Super Dragões, atualmente em prisão preventiva devido às investigações decorrente da Operação Pretoriano, poderia contar com a visita de Pinto da Costa um dia destes se não fosse o número limitado de visitas.

"Não vou visitar Fernando Madureira por uma razão: porque tem direito a um número limitado de visitas, tem pais, sogros, mulher e filhos. Se não fosse isso não tinha problemas nenhuns. Ele matou alguém? Ele roubou alguém? Que eu saiba não", justificou.

Sobre se Fernando Madureira voltará a liderar a principal claque dos “azuis e brancos”, Pinto da Costa diz que a decisão cabe aos elementos que nela estão associados, mas volta a questionar qual é o ato criminoso que Madureira cometeu

“Madureira voltar aos Super Dragões? Eles é que decidem os líderes, não eu. Qual é o ato criminoso? Acho que a preparação está em quem pela primeira vez na história de um clube português apareceu a apelar ‘Venham à Assembleia e filmem tudo’. E o Madureira é que fez a preparação? Por amor de Deus”, rematou.

Jorge Nuno Pinto da Costa aproveitou ainda a ocasião para garantir que caso seja eleito para um novo mandato na presidência do clube, Sérgio Conceição será a sua escolha para treinador.

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