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Portugal no Mundial de râguebi: “É esse cocktail que tem feito a nossa seleção funcionar”

Portugal está de regresso ao Mundial de râguebi 16 anos depois. José Lima, vice-capitão da seleção nacional, e Olivier Bonamici, comentador da SIC, analisam na SIC Notícias as expectativas para este campeonato.

SIC Notícias

Começa esta sexta-feira o Mundial de râguebi, em França. O jogo de abertura, em Paris, coloca frente a frente a seleção anfitriã e a Nova Zelândia, dois candidatos ao título. A seleção nacional está de regresso à competição 16 anos depois, após a participação histórica no mundial de 2007, que também decorreu em França. José Lima, vice-capitão da seleção nacional de râguebi, e Olivier Bonamici, comentador da SIC, falam das expectativas para este Mundial de uma modalidade ainda pouco divulgada em Portugal.

O Mundial de râguebi disputa-se num país onde há muitos portugueses e onde o râguebi é uma modalidade de eleição. Fatores que podem contribuir para um grande apoio da seleção nacional, que não joga na primeira ronda, o que pode trazer algumas vantagens.

“Há 16 anos que Portugal não se qualifica para para o Mundial e, por isso, nenhum dos jogadores que estão aqui hoje já tiveram a possibilidade de estar numa competição destas e acho que é importante podermos entrar no fundo neste mundial só na segunda jornada e primeiro para as outras equipas e sentir um pouco de euforia que vai estar à nossa volta”, diz José Lima.

Em relação ao apoio dos portugueses em França, o vice-capitão conta que já ontem se sentiu em Perpignan, onde a seleção está instalada: “É verdade que começamos a sentir que há portugueses, sobretudo emigrantes, atrás da nossa seleção, e esperamos que para a semana, em Nice, sentiremos ainda mais esse apoio”.

A seleção nacional, treinada pelo francês Patrice Lagisquet, está no grupo C e vai defrontar o País de Gales, a Austrália, as Ilhas Fiji e a Geórgia. A seleção não joga na ronda inaugural. O primeiro encontro está marcado para dia 16, com o País de Gales, em Nice.

Diferença entre as seleções de 2023 e de 2007

Há uma grande diferença entre a seleção de 2007 e a seleção que agora participa neste Mundial, nomeadamente no que diz respeito à profissionalização. Há jogadores amadores que jogam em Portugal, outros que saíram de Portugal para jogar em França e também jogadores que já nasceram em França e que são profissionais.

"O que é interessante é ver o misto, é extraordinário porque afinal há três categorias.

Há os portugueses que nasceram aqui, que jogam aqui em Portugal. E, neste caso, são amadores. Isto é extraordinário. O capitão da seleção, Tomás Appleton, é dentista. Eles pedem licenças sem vencimento para jogar o Mundial de râguebi.

Depois temos os lusodescentes, lusofranceses neste caso, que nasceram em França, mas têm ascendência portuguesa, e é esta mistura entre profissionais que jogam ao mais alto nível e também jogadores do campeonato português, o campeonato que tem um nível cada vez mais elevado", explica Oliveir Bonamici.

José Lima é um exemplo de um jogador que jogava em Portugal e foi para França, onde está há 11 épocas. O vice-capitão considera também que “é esse cocktail que tem feito a nossa seleção funcionar”.

"Hoje em dia há muita força da nossa equipa, é o facto de termos essa mistura entre os jogadores, profissionais e jogadores amadores.

“Temos a sorte em relação a 2007 de ter uma equipa que é praticamente profissional, há poucas exceções, jogadores que trabalham ou que estudam ainda”, sublinha José Lima.

Como aumentar o interesse pelo râguebi em Portugal?

O râguebi continua a ser uma modalidade ainda pouco divulgada em Portugal, apesar do “boom” registado após o Mundial de 2007, como conta Olivier Bonamici, que indica algumas estratégias que poderiam contribuir para uma maior divulgação, como seja a prática da modalidade no desporto escolar e a transmissões de mais jogos em canais abertos - “Para gostar de râguebi, é preciso ver râguebi na televisão”

“Em 2007, houve um boom do número de federados. Portugal tem neste momento 7.000 federados, é três vezes mais do que em 2005 e, por isso, isto é super importante”.

“Outra questão tem a ver com a visibilidade da modalidade que é, é por isso que a presença de Portugal neste mundial é super importante”, realça o comentador da SIC, que considera também que o râguebi é um desporto elitista, o que dificulta a divulgação da modalidade.

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