Desporto

Após polémica, Piquet pede desculpas a Hamilton

A origem da polémica remonta a 2021 e à expressão ‘neguinho’.

O ex-piloto brasileiro Nelson Piquet pediu esta quarta-feira desculpas ao piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton sobre um comentário proferido durante uma entrevista no ano passado, em que chamou o britânico de ‘neguinho’.

“O que eu disse foi mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinónimo de ‘cara’ ou ‘pessoa’ e nunca teve a intenção de ofender”, diz uma nota oficial divulgada por Piquet.

Eu nunca usaria a palavra da qual fui acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele“, acrescentou.

O ex-piloto brasileiro também ressaltou desejo de pedir “desculpas de todo o coração a todos os que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução em alguns ‘media’ que agora circulam nas redes sociais não está correta. A discriminação não tem lugar na F1 ou na sociedade e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a esse respeito”, concluiu.

Na terça-feira, Hamilton respondeu na rede social Twitter a uma declaração de Piquet em trechos de uma entrevista que foram divulgados na segunda-feira, em que este chamou o heptacampeão britânico de “neguinho”.

It’s more than language. These archaic mindsets need to change and have no place in our sport. I’ve been surrounded by these attitudes and targeted my whole life. There has been plenty of time to learn. Time has come for action.

— Lewis Hamilton (@LewisHamilton) June 28, 2022

“Vamos focar em mudar a mentalidade“, escreveu Hamilton em português na sua conta no Twitter. A polémica ocorreu com a publicação de trechos de uma entrevista concedida por Piquet ao jornalista Ricardo Oliveira, em novembro de 2021, em que o ex-piloto brasileiro chama Hamilton de “neguinho”, ao comparar os acidentes envolvendo Ayrton Senna e Alain Prost, em 1990, na largada do Grande Prémio do Japão, e o que ocorreu 31 anos depois, no Grande Prémio da Inglaterra, entre Hamilton e Max Verstappen.

Na sequência da revelação da declaração de Piquet sobre Hamilton, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) divulgou na sua página oficial uma mensagem a condenar “veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no desporto ou na sociedade em geral”.

The FIA strongly condemns any racist or discriminatory language and behaviour, which have no place in sport or wider society. We express our solidarity with @LewisHamilton and fully support his commitment to equality, diversity and inclusion in motor sport.

— FIA (@fia) June 28, 2022

“Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não faz parte da sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso desporto e merece respeito”, defenderam também nas redes sociais os organizadores da F1, considerando:

“Seus esforços incansáveis para aumentar a diversidade e a inclusão são uma lição para muitos e algo com o qual estamos comprometidos na F1”.

Dois anos antes, Hamilton criticou os comentários “ignorantes e sem educação” do ex-chefe da F1 Bernie Ecclestone. Hamilton ficou chocado com a afirmação de Ecclestone durante uma entrevista à emissora CNN de que, “em muitos casos, os negros são mais racistas” do que os brancos. Piquet venceu a F1 três vezes na década de 1980 e 23 corridas. A sua filha Kelly Piquet é namorada de Verstappen.

COM LUSA

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