O Tribunal Arbitral de Desporto (TAS), a mais alta instância da justiça desportiva, suspendeu em 2015 os regulamentos que impediam a participação destas mulheres e obrigava-as a fazer tratamentos. O TAS considerou que os regulamentos eram discriminatórios e deu um prazo até julho de 2017 para a IAAF provar cientificamente que as atletas com hiperandrogenismo são favorecidas desportivamente por esse facto.
A IAAF encomendou este estudo, que "faz parte das provas que reuniu para apresentar ao TAS" para reabrir o processo, informa em comunicado.
Publicado hoje no British Journal of Sports Medicine, o estudo é assinado por Stéphane Bermon, que participou nos trabalhos da IAAF sobre este assunto, e por Pierre-Yves Garnier, diretor do departamento científico do organismo internacional.
A partir dos dados recolhidos nos Mundiais de 2011 e 2013, o estudo garante que os altos níveis de testosterona produzidos naturalmente por certas atletas lhes dá vantagem "significativa" nalgumas provas - por exemplo, nos 800 metros melhora a execução em 1,78% e no lançamento do martelo, em 4,53%.
Assim, afirmam os investigadores, esta vantagem tem de ser tomada em consideração para determinar se as atletas participam ou não em competições.
Estes casos são raros, mas muito mediáticos. O mais conhecido será o da atleta sul-africana Caster Semenya, campeã olímpica dos 800 metros dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016.
O outro caso é o da velocista indiana Dutee Chand. Diagnosticada com hiperandrogenismo em 2014 e então suspensa pela IAAF, foi ela quem recorreu para o TAS, que lhe deu razão em 2015. O famoso regulamento foi suspenso e Chand foi autorizada novamente a competir.