O prémio Leya 2024 foi esta quarta-feira atribuído, por maioria, ao romance “Pés de Barro” do português Nuno Miguel Silva Duarte, de 52 anos. Segundo o presidente do júri, Manuel Alegre, esta é "uma obra que atualiza a tradição do romance político-social".
A história tem como pano de fundo a construção da primeira ponte sobre o Tejo, em Lisboa, e dá "um retrato do Portugal dos anos 1960". "Por um lado, a formação de um exército proletário para a construção da ponte, por outro, as primeiras partidas do exército para a guerra colonial", disse Manuel Alegre.
"'Pés de Barro' polariza o seu realismo histórico no quotidiano de um pátio em Alcântara e nas razões de viver dos que nele se acolhem", disse Manuel Alegre, realçando que o romance "encaminha-se para o anúncio metafórico do 25 de Abril".
O prémio, que tem um valor de 50 mil euros, foi criado em 2008, sendo o prémio literário com o maior valor pecuniário para romances inéditos em língua portuguesa.
A edição deste ano foi a mais concorrida de sempre. De acordo com a organização foram recebidos 1123 originais, provenientes de 15 países. No ano passado, o vencedor foi o brasileiro Victor Vidal com a obra “Não há pássaros aqui”.
O júri do Prémio Leya foi presidido pelo escritor Manuel Alegre, tendo ainda sido constituído pelo professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra José Carlos Seabra Pereira, pela jornalista e crítica literária Isabel Lucas, pelo ex-reitor da Universidade Politécnica de Maputo Loureço do Rosário, pela poetisa e historiadora angolana Ana Paula Tavares e pela jornalista e historiadora brasileira Josélia Aguiar.
O primeiro vencedor, em 2008, foi o brasileiro Murilo Carvalho com "O Rastro do Jaguar". Portugal com sete escritores distinguidos, é o país mais galardoado, seguindo-se o Brasil com quatro e Moçambique com um.
Em três edições, o prémio não foi atribuído, em 2015, 2019 e 2020. A portuguesa Gabriela Ruivo Trindade é a única mulher distinguida até à atual edição. O romance "Uma Outra Voz" valeu a Ruivo Trindade o Prémio Leya em 2019.
Com Lusa