Alguns dos grandes clássicos de Hollywood são adaptações de peças de teatro — para nos ficarmos por dois exemplos lendários, lembremos “Casablanca” (1943) e “Um Eléctrico Chamado Desejo” (1951). Entre os casos mais próximos dessas adaptações, vale a apena recordar “Um Quente Agosto” (2013), realização de John Wells que tem como ponto de partida a peça “August: Osage County”, de Tracy Letts (também responsável pela adaptação), vencedora do Pulitzer de drama referente a 2007.
O filme valeu nomeações para Óscares a Meryl Streep e Julia Roberts, respectivamente como actriz e actriz secundária. Interpretando mãe e filha, elas são, afinal, dois pólos apenas de uma vasta galeria de personagens: a sua família atravessa um dramático processo de decomposição emocional, com a mãe atingida por um cancro e o pai, interpretado por Sam Shepard, cada vez mais dependente do álcool.
O elenco inclui ainda nomes como Ewan McGregor, Chris Cooper, Benedict Cumberbatch, Juliette Lewis e Julianne Nicholson. É um verdadeiro “ensemble cast”, como os americanos gostam de dizer, desenhando a paisagem afectiva e simbólica de uma família a contas com as suas memórias e também os seus fantasmas.
Vale a pena lembrar que a qualidade dos resultados não será estranha à experiência do realizador John Wells, afinal uma personalidade com uma trajectória mais ligada ao palco e à ficção televisiva. “Os Homens do Presidente” foi uma das séries cuja produção coordenou (2003-2006) — o seu trabalho valeu-lhe um dos seis Emmys que já ganhou.