O secretário-geral das Nações Unidas manifestou esta terça-feira "enorme pesar" pela morte de João Cutileiro, considerando que Portugal perde "um expoente do mundo das artes" e que a obra do escultor projeta-se além do âmbito nacional.
Numa mensagem enviada á agência Lusa, António Guterres afirma ter recebido a notícia do falecimento de João Cutileiro "com enorme pesar".
"Nesta hora dolorosa, envio sentidos pêsames à sua mulher e a todos os seus familiares. Com a partida de João Cutileiro, perco um amigo com quem partilhei momentos e conversas memoráveis inspirados pelo seu profundo sentido artístico", refere o secretário-geral das Nações Unidas e antigo primeiro-ministro de Portugal (1995/2002).
Para António Guterres, com a morte de João Cutileiro, "Portugal perde um expoente do mundo das artes e da cultura que deixa uma marca indelével no país".
"Mas a sua obra projeta-se além do âmbito nacional. Como sucede com os artistas da sua craveira, a riquíssima obra que João Cutileiro nos deixa continuará a ser motivo de inspiração e fará perdurar, com saudade, a sua memória e a sua presença", acrescenta o secretário-geral das Nações Unidas.
João Cutileiro morreu esta terça-feira, aos 83 anos, após ter estado internado num hospital de Lisboa com graves problemas do foro respiratório.
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A VIDA E OBRA DE JOÃO CUTILEIRO
Da sua obra destacam-se as figuras de mármore, uma das mais polémicas a imagem de D. Sebastião, em Lagos, que desafiou o Estado Novo em 1970.
Natural de Lisboa, formou-se em Oxford. Vivia em Évora há mais de 30 anos, cidade que decidiu homenageá-lo com uma exposição em 2017.
Foi condecorado com a Ordem de Sant'Iago da Espada, Grau de Oficial, em agosto de 1983, e recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e pela Universidade Nova de Lisboa, este último, concedido em 2017.
Um ano depois, parte do espólio do escultor foi doada ao Estado português. Na ocasião, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, atribuiu ao escultor a medalha de Mérito Cultural.