Cultura

Primeira exposição de fotografias de Mapplethorpe em Portugal

Fotografias de nus, flores, retratos de artistas como Patti Smith ou Iggy Pop e imagens de cariz sexual compõem a primeira exposição em Portugal do fotógrafo Robert Mapplethorpe, que será esta quinta-feira inaugurada em Serralves, no Porto.

Susana Vera

"Robert Mapplethorpe: Pictures" é o nome da exposição que reúne 170 obras de um dos fotógrafos que "mais marcou a história da fotografia e a arte contemporânea no século XX", com entrada gratuita, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, anunciou em conferência de imprensa a instituição cultural, que traz pela primeira vez a Portugal a obra artística de Mapplethorpe, "algumas delas inéditas", referiu João Ribas, comissário da mostra.

A exposição "Pictures" de Serralves, que conta com 170 obras da Robert Mapplethorpe Foundation, em Nova Iorque (EUA), arranca com algumas colagens e 'polaroides' do início da carreira do artista, que se situa nos anos 1969/1971, e passando por fotografias de flores, nus, retratos de artistas como Patti Smith, Iggy Pop, Arnold Schwarzenegger ou Richard Gere e dezenas de imagens sobre sexo, género e raça.

"O Porto tem um dos museus de arte moderna mais conhecidos do mundo ocidental. A fundação Mapplethorpe está muito animada por estar aqui e Mapplethorpe nunca foi exibido em Portugal, é uma grande ocasião para nós", declarou aos jornalistas Michael Ward Stout, presidente do Conselho de Administração da Fundação Mapplethorpe, durante uma visita guiada para a comunicação social.

Michael Ward Stout desejou que a exposição de Serralves seja de "sucesso para o museu", referindo que "Pictures" cobre os primeiros momentos da carreira de Mapplethorpe e o período antes da sua morte, aos 42 anos, em março de 1989.

Na obra de Mapplethorpe nada é deixado ao acaso, é tudo construído e estudado ao pormenor, desde a luz, ao cenário, como se dum quadrado perfeito se tratasse, conta João Ribas, comissário da exposição e diretor do Museu de Arte de Serralves.

A "obsessão pela geometria" e "pela luz", as referências à antiguidade grega e às esculturas da arte clássica - o artista estudou pintura e escultura em Nova Iorque e tinha o objetivo de elevar a fotografia ao patamar de arte - bem como o "interesse pela representação do desejo" são o elo de ligação da obra do artista e que está patente na exposição da cidade do Porto, explicou João Ribas.

Esta exposição, acrescentou, "tem uma particularidade, porque traz não só a obra do artista mas também muitas imagens icónicas do século XX, desde a representação da Patti Smith, música e amiga do Mappelthorpe, a imagens muito conhecidas e muito marcantes da segunda metade do século XX e é uma oportunidade de revisitar imagens que conhecemos".

Questionado sobre se considerava que algumas imagens da exposição poderiam vir a surpreender ou até a chocar o público, João Ribas declarou que estas foram mostradas em dezenas de museus no mundo inteiro e que Mapplethorpe é "uma das grandes figuras da fotografia" e "um artista conceituado que continua a ser influente na fotografia contemporânea".

"Houve muitas exposições com milhares de visitantes e acho que é uma das grandes figuras da arte contemporânea, não consigo fazer essa projeção", acrescentou, referindo que uma exposição tem sempre a função de despir o público de preconceitos.

Lusa

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