Segundo a editora Quetzal, este segundo volume da Bíblia, "Apóstolos, Epístolas e Apocalipse", conclui a publicação do Novo Testamento.
Trata-se do segundo de uma série de seis volumes que disponibiliza, pela primeira vez em língua portuguesa, a tradução integral da Bíblia Grega, dirigida a "todos os leitores, crentes e não crentes, isenta de preconceitos ou fins religiosos", explica a editora.
"Esta edição inclui os textos cristãos mais antigos que chegaram até nós: as cartas de S. Paulo (anteriores, até, aos próprios Evangelhos), que nos dão um retrato inigualável do cristianismo nascente", acrescenta. Numa "escrita fulgurante", as cartas de S. Paulo levantam ainda hoje questões "tão essenciais quanto incómodas" para os fundamentos do cristianismo.
"A nova religião -- que haveria de conquistar o mundo greco-romano e marcar profundamente a história universal -- começa aqui a sua história documental", conta a editora, considerando que para compreender os primórdios dessa história, é fundamental regressar às fontes, que aqui são apresentadas numa nova tradução dos originais gregos. Este segundo volume conta ainda com as restantes epístolas do cânone do Novo Testamento, "o espantoso livro do Apocalipse, que continua a comover-nos pela sua riqueza poética e pela linguagem inovadora", e os Atos dos Apóstolos, "livro cuja relação com a epistolografia de Paulo continua a desafiar os estudiosos".
"Existe algum manuscrito, consultável ainda hoje, que nos transmita o texto original do Novo Testamento? Um manuscrito que transmita as palavras originais que estavam nos manuscritos autógrafos dos Evangelhos, dos Atos, das Epístolas, do Apocalipse?", questiona o autor na introdução, para de seguida responder que "não".
"Os textos autógrafos de Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo (etc.) não chegaram até nós; perderam-se para sempre", segundo o tradutor, que salienta que o que existe hoje "são cópias em papiro, pergaminho e papel, feitas sobre cópias que já eram, elas próprias, cópias de outras cópias". A Quetzal recorda que este trabalho, no qual o escritor e prémio Pessoa trabalha desde 2014, "constitui a mais completa tradução da Bíblia alguma vez publicada em português, contendo 80 livros (27 do Novo Testamento e 53 do Antigo Testamento), ou seja, mais 14 livros do que as versões do cânone protestante e mais sete do que a tradução do atual cânone católico".
Até 2019, serão publicados os restantes volumes, que incluem o Antigo Testamento. No outono será publicado o terceiro volume, "Antigo Testamento: Os Livros Proféticos".O volume IV, "Antigo Testamento: Os Livros Sapienciais", engloba Salmos, Odes, Provérbios, Eclesiastes, Cântico, Job e Sabedoria. Quanto ao volume V, "Antigo Testamento: Os Livros Históricos", terá os textos de Juízes, Josué, Reis, Samuel, Crónicas, Esdras, Ester, Judite, Macabeus.O VI e último volume da Bíblia traduzida do grego é o "Antigo Testamento: Os Livros da Lei", com os livros Génesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronómio.
O primeiro volume, "Novo Testamento: Os Quatro Evangelhos", foi publicado em setembro de 2016 e inclui os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.Ensaísta, tradutor, ficcionista e poeta, Frederico Lourenço recebeu por duas vezes o prémio PEN (Primeira Obra e Ensaio, em 2002 e 2008, respetivamente), foi distinguido com o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus (2003), com o Grande Prémio de Tradução (também em 2003) e com o Prémio Europa David Mourão-Ferreira (em 2006).
A publicação do primeiro volume da tradução da Bíblia valeu-lhe em 2016 a atribuição do prémio Pessoa.
Lusa