Podemos "contrata" reponsável pelo Swissleaks
O partido espanhol Podemos "contratou" o informático franco-italiano Hervé Falciani - que revelou um esquema internacional de evasão fiscal envolvendo o ramo suíço do banco britânico HSBC - para realizar um relatório sobre medidas de combate à fraude e evasão fiscal.
Falciani retirou da filial suíça do HSBC uma lista de milhares de clientes que alegadamente fugiam ao fisco que depois entregou às autoridades francesas em 2008.
De acordo com o secretário de Participação Interna do Podemos, Luis Alegre, Falciani aceitou colaborar com o partido na elaboração desse trabalho sobre formas de combater os paraísos fiscais.
Alegre acrescentou que o secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, acertará ainda hoje os pormenores da colaboração com o próprio Falciani.
O anúncio do Podemos coincide com a divulgação, no domingo, dos documentos obtidos por Falciani pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).
A investigação, batizada "Swissleaks" ou "Lista Falciani", revela documentos fornecidos por Hervé Falciani, ex-trabalhador do HSBC em Genebra, ao jornal francês Le Monde e partilhado com aquele consórcio e com jornalistas de mais de 40 países.
Portugal surge em 45.º lugar na lista de países que constam da informação divulgada, com um total de 969 milhões de dólares (855,8 milhões de euros) depositados no HSBC, distribuídos por 778 contas bancárias de 611 clientes.
A "contratação" de Falciani também coincide com uma polémica em torno do número três do Podemos, Juan Carlos Monedero, acusado de ter fugido aos impostos em Espanha.
Monedero está a ser investigado pela Agência Tributária espanhola por ter recebido 425.150 euros em finais de 2013 - numa transferência para a sua conta pessoal - para pagar um trabalho de consultoria política realizado para um organismo supranacional formado por países como a Venezuela, Cuba, Nicarágua, Honduras, Equador e Bolívia.
A questão é que, um dia depois, Monedero transferiu esse dinheiro para a conta de uma empresa que tinha criado pouco antes, a Caja de Resistencia Motiva 2. A empresa pagou menos impostos do que o próprio pagaria se declarasse como rendimento individual.
O Podemos, que sempre negou que Monedero estivesse em falta ou tivesse cometido qualquer irregularidade, assumiu depois o erro, ao revelar que o seu "número 3" tinha entregado às Finanças uma "declaração complementar" no valor de 200 mil euros. No entanto, reafirma que a atuação de Monedero foi "legal e ética", rejeitando a sua demissão.
O Podemos tem criticado duramente a conduta ética de dirigentes dos outros partidos, especialmente no que toca a escândalos de impostos e corrupção.
Lusa
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