Revista do Ano 2019

Joaquin "Joker" Phoenix

O anti-herói afinal pode ser o herói e 2020 pode trazer a consagração nos Óscares.

Sílvia Lima Rato

O Leão de Ouro no Festival de Veneza, em setembro, mostrou que o filme de Todd Phillips tinha garra. Recupera o personagem da DC Comics mas, ao invés dos efeitos especiais, sobressai a história de um personagem que vai além da banda desenhada.

O filme com um orçamento de cerca de 60 milhões de dólares, considerado modesto para os parâmetros de Hollywood, já ultrapassou os mil mihões de dólares de receitas, a nível mundial.

"I Started a Joke"

Joaquin Phoenix que já tinha recusado ser Lex Luthor em "Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça" e "Doutor Estranho", ao terceiro convite, aceitou entrar no universo de super-hérois para encarnar aquele que se tornará o arqui-rival de Batman e indo às raízes da natureza humana. O ator criou uma personalidade atormentada, angustiada e revoltada, que existe em Gotham City, como pode existir em qualquer lugar.

Joaquin Phoenix perdeu 23 quilos. Uma entrega a um corpo que o desequilibrou e aumentou-lhe a ansiedade para interpretar um homem de saúde mental débil e ostracizado. O riso incontrolável do mal amado comediante Arthur Fleck é um choro de desespero.

Um sistema que abandona os frágeis e os desprotegidos existe em Gotham City, como pode existir em qualquer lugar. A solidão está em todo o lado.

Há um crescendo de violência com alvos concretos. Todos os que fizeram de Arthur Fleck um joguete vão conhecer o Joker.

Ninguém fica indiferente ao anti-herói de Phoenix já comparado ao alienado Travis Bickle, de "Taxi Driver" (Robert De Niro). O ator de 45 anos, que já tem no currículo duas nomeações para o Óscar de Melhor Ator, poderá ser à terceira, a vez que sobe ao palco.

A estatueta dourada fugiu-lhe, em 2006, pela interpretação do músico Johnny Cash, em que cantou e tocou no filme "Walk the Line", com álcool à mistura, tal como bebia o veterano da Marinha norte-americana, que interpretou em "O Mentor" e que lhe valeu a segunda nomeação para o Óscar de Melhor Ator, em 2013.

A popularidade ao serviço do ativismo

Joaquin Phoenix é a Pessoa do Ano para a PETA. O ator foi a cara da campanha "We Are All Animals", da Organização Não-Governamental de Direitos dos Animais, em locais icónicos como a Times Square de Nova Iorque e a Sunset Boulevard de Los Angeles.

Um reconhecimento para o ator vegano desde os 3 anos (não resistiu a ver um peixe ser apanhado e morto) e que leva muito a sério a causa animal, em nome próprio e no cinema.

Só este ano, foi o produtor executivo do documentário "The Animal People", que acompanha a luta de 6 ativistas, esteve ao lado dos legisladores da Califórnia contra o uso de animais em circos itinerantes e num gesto simbólico, segurou ao colo uma galinha morta no Dia Do Animal.

Termina o ano com uma distinção, que pessoalmente lhe deve dizer muito. Profissionalmente, está bem encaminhado para a temporada de prémios.

Conhecidas as nomeações para os Globos de Ouro e Screen Actors Guild (Prémios do Sindicato dos Atores), Joaquin Phoenix está indicado como Melhor Ator.

Dia 13 de janeiro são anunciados os nomeados para os Óscares. Na cerimónia de dia 9 de fevereiro, em Los Angeles, Joaquin Phoenix pode ser o último a rir.

That's life!

Últimas