Polígrafo SIC Europa

Doze Estados-membros assinaram carta sobre a construção de muros para travar a migração ilegal?

Ao Polígrafo SIC Europa, o vice-presidente da Comissão sobre Assuntos Externos, do Parlamento Europeu, diz que a União Europeia deve ser solidária com os países que estão a enfrentar a vaga de migrantes vindos da Bielorrússia, mesmo que isso signifique financiar barreiras físicas.

KACPER PEMPEL

SIC Notícias

Nas redes sociais, uma publicação afirma que “os governos de 12 países-membros da União Europeia pediram a criação de novos instrumentos para proteger as fronteiras externas do bloco contras fluxos migratórios, incluindo a construção de cercas e muros”. De acordo com o post, os ministros do Interior da Áustria, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Estónia, Grécia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia e República Checa enviaram uma carta à Comissão Europeia e ao Conselho Europeu, onde pedem que essas obras sejam financiadas com recursos europeus. Será verdade?

A resposta é sim.

Ao Polígrafo SIC Europa, a Comissão Europeia confirma que recebeu a carta assinada por doze estados-membros (Áustria, Bulgária, Chipre, República Checa, Dinamarca, Estónia, Grécia, Hungria, Lituânia, Letónia, Polónia e Eslováquia), mas destaca que a posição da Comissão Europeia sobre arames farpados e muros mantém-se: “A União Europeia não deve financiar fronteiras fixas”.

No entanto, na carta, endereçada à comissária dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, os doze países apelam à Comissão para que as fronteiras físicas sejam “adequadamente financiadas pelo orçamento da União Europeia, com caráter de urgência. As fronteiras físicas são uma forma eficaz de proteger as fronteiras e servem o interesse de toda a União Europeia”.

Este pedido vem no seguimento da chegada de milhares de migrantes às fronteiras europeias, vindos da Bielorrússia. Num comunicado do Parlamento Europeu, os eurodeputados “condenam a instrumentalização de seres humanos para fins políticos pelo regime de Lukashenko (presidente da Bielorrússia, não legitimado pela UE) manifestando a sua solidariedade para com a Lituânia, a Polónia e a Letónia, bem como para com outros Estados-membros da UE visados pelas ameaças bielorrussas”. Os eurodeputados acusam o governo bielorrusso de “apoiar as travessias ilegais das fronteiras externas da União Europeia, juntamente com uma campanha de desinformação que constitui uma forma de guerra híbrida destinada a intimidar e destabilizar a UE”.

Ao Polígrafo SIC Europa, o eurodeputado e vice-presidente da Comissão sobre Assuntos Externos, Urmas Paet, explica que “a atual situação nas fronteiras da Polónia, Lituânia, Letónia e toda a União Europeia não deve ser encarada como uma crise migratória, mas sim como um ataque à União. A União Europeia e a comunidade internacional não estão a ser capazes de reagir de uma forma adequada e forte ao ditador da Bielorrússia. Os Estados-membros devem manter-se unidos e apoiar a Polónia, a Lituânia e a Letónia, nomeadamente financiando barreiras físicas”.

Em suma, é verdade: doze Estados-membros enviaram uma carta conjunta à Comissão Europeia e ao Conselho Europeu a pedir o apoio da União para a construção de muros e cercas para controlar a migração ilegal.

Avaliação Polígrafo SIC Europa: Verdadeiro

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