Ébola

Pelo menos um dos dois norte-americanos com Ébola recebeu soro experimental

Pelo menos um dos dois norte-americanos que contraíram o vírus Ébola na Libéria recebeu um soro experimental enviado pelos Estados Unidos para tratar a doença, noticiou hoje a imprensa norte-americana.

Segundo a cadeia de televisão NBC, Nancy Writebol chegará a Atlanta  na terça-feira e será internada no mesmo hospital.  
© Handout . / Reuters

O médico Kent Brantly e a missionária da Samaritans Purse Nancy Writebol  apresentaram os sintomas do Ébola (febre, vómitos e diarreia), no final  de julho, tendo os exames de sangue confirmado que tinham a doença. 

No sábado, Brantley, de 33 anos, foi transportado num jato particular  da Libéria até à base da força aérea norte-americana de Dobbins, nos arredores  de Atlanta, tendo ficado internado num hospital perto da Universidade de  Emory 

Segundo a cadeia de televisão NBC, Nancy Writebol chegará a Atlanta  na terça-feira e será internada no mesmo hospital.  

A organização de beneficência norte-americana da Samaritans Purse revelou  que foi enviado para a Libéria "um soro experimental numa dose suficiente  para uma pessoa" para tratar a doença.  

A organização adianta que Kent Brantly ofereceu a sua dose à missionária  e que o médico "recebeu uma transfusão de sangue de um rapaz de 14 anos  que sobreviveu ao Ébola". 

A cadeia de televisão CNN e outros meios de comunicação apresentam uma  versão diferente, contando que, após terem chegado à Libéria as ampolas  com soro congelado, Brantly sugeriu que a primeira dose fosse administrada  a Nancy Writebol, afirmando que, sendo mais jovem, tinha mais probabilidade  de resistir à doença. 

Mas quando a saúde de Brantly piorou, os médicos optaram por aplicar-lhe  o primeiro tratamento e começou logo a melhorar.  

Nancy Writebol também recebeu uma dose, mas a sua reação não foi tão  positiva como a do médico, razão pela qual lhe foi administrada uma dose  adicional no domingo. 

Embora ninguém tenha esclarecido em que consiste o soro, William Schaffner,  professor de medicina preventiva e de doenças infeciosas do Centro Médico  da Universidade Vanderbilt, disse que os métodos investigados para combater  o Ébola contêm anticorpos contra o vírus. 

"Há uma larga tradição do uso do soro da imunidade como tratamento",  disse Schaffner ao portal Life Science (Ciência Viva). 

A imprensa norte-americana informa que os Institutos Nacionais de Saúde  estiveram em contacto com a Samaritan's Purse e ofereceram o tratamento  experimental conhecido como ZMapp.  

O composto foi desenvolvido pela empresa de biotecnologia Mapp Biofarmacêutica  e os pacientes foram informados de que o tratamento ainda não tinha sido  testado em humanos, mas que tinha tido resultados promissores em testes  feitos com macacos.  

A empresa informa que quatro macacos infetados com o Ébola sobreviveram  depois de receber o tratamento antes de passarem 24 horas da infeção, assim  como outros dois macacos que começaram o tratamento 48 horas após a infeção.

A Mapp adianta a que o composto é um anticorpo monoclonal obtido a partir  de ratinhos expostos a fragmentos do vírus.   

Os anticorpos gerados no sangue dos ratos foram recolhidos para criar  o medicamento que supostamente trabalha impedindo o vírus de entrar e infetar  novas células.  

O Ébola já matou 887 pessoas em África, segundo um relatório da Organização  Mundial de Saúde hoje divulgado, segundo o qual foram já notificados 1.603  casos na Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria. 

Lusa

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