Ébola

Vírus ébola na Guiné-Conacri é nova estirpe, indicam cientistas

O vírus ébola que causou mais de 100 mortos na Guiné-Conacri e na Libéria desde janeiro é uma nova estirpe, o que indica que não procede de outros focos conhecidos de infeção em África, indicaram cientistas.

Cientistas analisa sangue para detetar o vírus ébola / Reuters
© Reuters Staff / Reuters

"Esta análise sugere que esta estirpe viral na Guiné-Conacri 'EBOV guineense'  evoluiu em paralelo com estirpes existentes na República Democrática do  Congo (RDC) e no Gabão a partir de um antepassado comum recente e não foi  posteriormente introduzida na Guiné-Connacri", concluiu uma equipa de virólogos,  cujos trabalhos são divulgados na última edição da revista norte-americana  New England Journal of Medicine. 

Inicialmente, responsáveis de saúde pública tinham evocado a possibilidade  de uma infeção na Guiné-Conacri pelo vírus ébola do Zaire, antigo nome da  RDC. 

Os autores do estudo agora publicado dizem que os primeiros casos de  ébola na Guiné-Conacri começaram provavelmente em dezembro de 2013 ou talvez  antes e o vírus circulou despercebido durante algum tempo. 

A investigação continua para identificar a fonte animal do vírus. São  geralmente morcegos frutívoros, indicaram os cientistas. 

O novo vírus ébola provocou menos casos de febre hemorrágica na Guiné-Conacri  do que as anteriores epidemias na África Central. 

"Os sintomas clínicos dos primeiros casos eram sobretudo febre, vómitos  e diarreia muito forte. Não foram constatadas hemorragias internas na maioria  dos doentes cuja infeção foi confirmada até ao momento em que a amostra  de pacientes para esta investigação foi estabelecida", referem os autores  do estudo que analisaram o sangue de 20 doentes hospitalizados na Guiné-Conacri.

A taxa de mortalidade do vírus ébola na Guiné-Conacri é de 86 por cento  entre os primeiros casos confirmados e de 71 por cento nos casos suspeitos,  indicam os virólogos. 

Dependendo da estirpe do vírus, a mortalidade da febre hemorrágica afeta  entre 30 e 90 por cento dos casos. O vírus propaga-se através de contactos  diretos com as pessoas infetadas. 

Os cientistas assinalam que "a emergência do vírus ébola na Guiné-Conacri  alerta para o risco de outros surtos naquela parte da África Ocidental".

 

      Lusa

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