Ébola

Epidemia de ébola na África Ocidental entre as "mais assustadoras"

A epidemia da febre hemorrágica de ébola na  África Ocidental está entre as "mais assustadoras" desde o aparecimento  da doença há 40 anos, anunciou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS),  quando já há 111 mortos. 

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© Stringer . / Reuters

"É uma das epidemias mais assustadoras com que nos confrontámos", disse  o diretor-geral adjunto da OMS, Keiji Fukuda, numa conferência de imprensa  em Genebra, na Suíça. 

Keiji Fukuda adiantou que a propagação da epidemia, que eclodiu no sul  da Guiné, pode estar a alargar-se à capital, Conacri, e ao país vizinho,  Libéria, o que é particularmente preocupante. "Não tivemos até agora uma epidemia de ébola nesta parte da África",  mas a OMS já enviou equipas de ajuda humanitária para o local, disse Fukuda. "Este tipo de epidemia é frequentemente associada a muito medo e ansiedade",  sublinhou. 

De acordo com os últimos dados divulgados hoje pela OMS, há 157 casos  de ébola registados só na Guiné, dos quais 101 resultarem em mortes. A OMS adianta que 67 casos foram confirmados por análises laboratoriais

Vinte casos foram registados na cidade portuária Conacri, e 21 casos  na Libéria, dos quais dez pessoas morreram. Foram também registados casos na Serra Leoa, em que se suspeita que  as pessoas tenham contraído a doença na Guiné. 

No Mali, há nove casos suspeitos, mas dois testes revelaram-se negativos. "Não devemos dar demasiada importância aos números", recomendou Stéphane  Hugonnet, um médico especialista da OMS, que regressou recentemente da Guiné.

"O mais importante é a tendência e a propagação da infeção. Aparentemente,  há um risco de outros países estarem a ser infetados. Portanto, devemos  permanecer vigilantes a todo custo", sublinhou o médico. 

O vírus foi detetado pela primeira vez em 1976 em dois surtos simultâneos  no Sudão e na República Democrática do Congo. 

Desde 1976, o Ébola causou a morte de pelo menos 1.200 pessoas, dos  1.850 casos detetados. Os surtos mais fortes registaram-se na República  Democrática do Congo, em 1976 (318 casos), 1995 (315 casos) e 2007 (264  casos), no Sudão, em 1976 (284), e no Uganda, em 2000 (425 casos). 

Os surtos surgem normalmente em aldeias remotas da África central  e ocidental, junto a florestas tropicais, pode ler-se no sítio da OMS na  Internet.  Neste momento, o vírus, que tem cinco estirpes distintas, só existe  no continente africano, mas já houve casos nas Filipinas e na China. 

Para evitar o contágio humano, a OMS recomenda evitar o contacto com  morcegos e macacos e o consumo da sua carne crua, assim como evitar o contacto  físico com pacientes infetados, em particular com os seus fluidos corporais.

Os profissionais de saúde estão em risco acrescido, sobretudo porque  os sintomas iniciais são pouco específicos e podem ser associados a outras  doenças, como a malária. 

Após uma eventual infeção, pouco se pode fazer, já que não há vacinas  nem tratamentos, restando apenas a hidratação do doente com soluções com  eletrólitos ou a administração intravenosa de fluidos. 

Lusa

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