Crise na Venezuela

Venezuela. Oposição anuncia que participará nas eleições de 21 de novembro

"Eleições não serão justas nem convencionais".

Ivan Alvarado

Lusa

A Plataforma Unitária da Venezuela (PUV), que reúne vários partidos que apoiam o líder opositor Juan Guaidó anunciou que participará nas eleições estaduais e municipais, marcadas para 21 de novembro.

O anúncio foi feito pelo secretário-geral do partido Ação Democrática (AD), Henry Ramos Allup, precisando que a oposição vai usar "o cartão" da antiga aliança Mesa de Unidade Democrática (MUD) e que 3.802 opositores vão candidatar-se.

"Eleições não serão justas nem convencionais"

"Tomámos esta decisão, por maioria, após um extenso e difícil processo de deliberação interna (...) Estamos comovidos com a situação difícil que o nosso país atravessa, com o sentido de urgência em encontrar soluções permanentes aos nossos padecimentos e com o propósito de reforçar a unidade", refere um comunicado da plataforma partidária.

No documento, que foi lido durante a conferência de imprensa, em Caracas, a oposição diz que as "eleições não serão justas nem convencionais" e que "a ditadura impôs sérios obstáculos que comprometem o desejo de mudança" dos venezuelanos.

"Será um terreno útil de luta para fortalecer a cidadania e promover a verdadeira solução para a grave crise no nosso país: eleições presidenciais e legislativas livres. Organizar-nos-emos, mobilizar-nos-emos e fortalecer-nos-emos em unidade ao serviço da reinstitucionalização democrática da Venezuela", afirma o comunicado.

Segundo a oposição, esta "decisão complementa os esforços em curso no México (negociações entre o Governo e a oposição), que apontam a uma solução pacífica e negociada".

"Um país organizado e mobilizado pode levantar a sua voz com mais força, para exigir democracia, a reinstitucionalização de poderes e para tirar os venezuelanos da miséria e da pobreza em que se encontram atualmente submersos", justifica.

"Votar é um direito e não votar também"

Durante a conferência de imprensa, a oposição insistiu que "votar é um direito e não votar também" e pediu respeito para quem decida, de maneira particular, não participar nas próximas eleições.

Henry Ramos Allup, explicou ainda que, tanto na participação nas eleições, como nas negociações no México, "não se trata de reconhecer um governo" que a oposição diz ser ilegítimo.

"O facto de se ter estabelecido um diálogo com o regime não significa qualquer legitimação", frisou.

Segundo Allup, a oposição não conseguiu, do regime, todas as garantias eleitorais, mas "isso não pode ser um impedimento para participar".

Por outro lado, precisou que a maioria das "inabilitações políticas" (impedimentos através de processos legais) foram resolvidas.

Em 28 de agosto, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela estendeu até 1 de setembro o período para a apresentação de candidaturas para as eleições estaduais e municipais, previstas para 21 de novembro.

Um setor da oposição venezuelana, aliada ao autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, mantinha até terça-feira a posição de não reconhecer a atual direção do CNE.

Representantes do Governo do Presidente e da oposição aliada de Juan Guaidó iniciaram, em 13 de agosto, uma nova ronda de negociações, no México, com a mediação da Noruega, que vai ser retomada em 3 de setembro.

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