Crise na Venezuela

Casa de Guaidó cercada pela polícia para o "intimidar"

A denúncia foi feita pelo próprio Presidente interino da Venezuela.

Carlos Garcia Rawlins

O autoproclamado Presidente interiono da Venezuela, Juan Guaidó, disse esta quinta-feira que agentes de uma unidade especial da polícia se deslocaram à sua casa com a intenção de interrogarem a sua mulher, Fabiana Rosales, mas que esta não se encontrava no local-

O Presidente denuncia assim aquilo a que chama de intimidações por parte das autoridades venezuelanas e diz que Nicolás Maduro será o responsável se alguma coisa acontecer a ele ou à restante família.

"Neste momento, a FAES (Força de Ação Especial da Polícia Bolivariana) está em minha casa, na minha residência familiar. Responsabilizo o cidadão Nicolás Maduro pela integridade da minha filha, que lá se encontra", escreveu então Juan Guaidó na sua conta da rede social Twitter.

A seguir, num discurso em Caracas, Guaidó partilhou com os apoiantes: "A FAES está em minha casa, a perguntar onde está Fabiana (a sua mulher). Neste preciso momento, a ditadura pensa que vai conseguir intimidar-nos".

Juan Guaidó deslocou-se depois ao seu domicílio e constatou que os agentes já tinham abandonado o local.

"Estão evidentemente a medir a capacidade de reação, e, novamente, o joguinho está a dar errado", disse Guaidó, afirmando que tinha sido alertado pelos seus vizinhos, aos quais agradeceu.

"Assediam a minha família, porque sabemos que é esse o 'modus operandi'", acrescentou o líder da oposição venezuelana, que também informou que na sua casa estavam apenas a sua filha de 20 meses e uma das avós da criança.

O político acrescentou que os agentes, que chegaram ao local em motocicletas e numa carrinha, identificaram-se como membros das FAES e pediram para falar com Fabiana Rosales, que acompanhava o marido numa ação em Caracas.

Juan Guaidó apresentou esta quinta-feira na capital venezuelana um programa de desenvolvimento que será lançado caso exista uma transição política no país.

"Eles são os únicos que querem passar a linha vermelha", disse Guaidó, que reiterou o apelo aos elementos das forças de segurança para aderirem à amnistia aprovada recentemente pelo parlamento venezuelano.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Após a sua autoproclamação, Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres. Também anunciou uma amnistia aos militares e funcionários públicos que "colaborarem com a restituição da democracia".

Nicolás Maduro, de 56 anos, chefe de Estado desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, no qual a oposição tem maioria, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos da América.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou pelo menos 40 mortos, de acordo com dados das Nações Unidas.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.

Com Lusa

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