Cidade da Praia, 04 abr (Lusa) -- Armando Fortes, um dos mais destacados militares das Forças Armadas cabo-verdianas e combatente na guerra da independência, faleceu hoje em Santo Antão, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC).
Segundo a imprensa cabo-verdiana, Armando Fortes, 72 anos, morreu já no hospital João Morais, na Ribeira Grande, ilha de Santo Antão, o que levou já Pedro Pires, presidente de Cabo Verde, a lamentar a perda de "um grande patriota", que "dedicou grande parte da sua juventude à causa da liberdade e da independência".
Num comunicado em que homenageia o major Armando Ferreira Fortes, o chefe de Estado cabo-verdiano, um dos principais negociadores da independência do arquipélago, lembrou o homem que aderiu à luta de libertação em meados da década de 60 do século XX iniciada pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Armando Fortes fez parte do grupo de jovens cabo-verdianos que recebeu, entre 1964 e 1965, preparação militar na Argélia e, também em 1965, em Cuba, com vista a preparar o início da luta armada em Cabo Verde, sendo um dos elementos fundadores das Forças Armadas do arquipélago.
"A Nação cabo-verdiana curva-se, respeitosamente, perante a memória do Amigo e Combatente Armando Fortes em reconhecimento da dívida de gratidão que para com ele tem. É uma perda irreparável", afirmou Pedro Pires, manifestando-se "profundamente emocionado".
Por sua vez, o major Manuel Jesus Gomes, conhecido por "Lela Guerrilheiro", também um dos "pioneiros" das FA cabo-verdianas, lembrou que, após o fim da formação na Argélia, Armando Fortes e outros companheiros foram enviados para Cuba, onde se preparava um desembarque em Cabo Verde.
"Estávamos prontos para vir desembarcar em Cabo Verde. Fomos então enviados para a ex-União Soviética, onde nos reunimos com Amílcar Cabral, que nos demonstrou a impossibilidade de um desembarque em Cabo Verde. Foi então que todos decidiram ir para Guiné-Bissau combater para a libertação dos nossos países", contou.
Na Guiné-Bissau, os jovens permaneceram até 25 de abril de 1974, data em que os cabo-verdianos começaram a regressar para Cabo Verde.
"Lela Guerrilheiro" contou que, nessa ocasião, regressaram primeiro dois combatentes para fazer um trabalho de mobilização junto dos jovens nacionais e, quando sentiram que o terreno já era propício, retornaram todos.
Em Cabo Verde, Armando Fortes integrou as Forças Armadas e foi também o chefe das milícias na ilha de Santo Antão, de onde era natural.
Passou posteriormente à reserva e a residir na zona de Ribeirinha de Jorge, no Vale da Ribeira da Torre, ilha de Santo Antão, onde viveu nos últimos anos.
O funeral de Armando António Fortes ainda não tem data marcada, uma vez que a família aguarda a chegada dos filhos, parentes e amigos que vêm dos Estados Unidos.
JSD.
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